quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Duas crianças e um homem salvaram meu dia.

Hoje duas crianças e um homem salvaram meu dia e minha noite. Um grande amigo que toca sax quase toda noite, pode ir comigo ver a exposição que estará até domingo no Centro Cultural Banco do Brasil aqui de São Paulo (Paris e a Modernidade – Obras-Primas do Museu d’Orsay). 
Enfrentamos uma hora e meia de fila, pouco para três horas de espera de alguns dias atrás. Na ida o tempo passou rápido na sua companhia, e na volta seu tamanho por si só espantou um assaltante que nos esperava no Viaduto do Chá.
As crianças que me salvaram foram duas meninas.
Primeiro veio a Sarah, cinco anos de idade, carregada no colo pelo pai, que ao abrir os olhos exclamou:
-É isso pai? Um borrão no quadro? Um ponto de borrão? Gostei pai, gostei pai!
E a exposição ganhou outros ares, assim que a Sarah entendeu tudo e quebrou o silêncio da sala.
E na volta pra casa, depois de escapar de um assalto, dentro do trem, ainda sob efeito das pinturas, escrevendo num bloco de anotações, estava sendo observada ao lado pela Ketlen, oito anos, grudada na mãe, mas de olho nos meus movimentos com o celular e a caneta.
Concentrada, perdi a estação que ia descer e a menina percebendo o ocorrido começou a falar:
-Você perdeu o ponto, né?
-Como você sabe?
-Eu ouvi você falando no celular qual era a sua estação!
E sorrindo, com vontade de tirar o sarro, afirmou:
-E eu sei porque você perdeu o ponto!
-Você sabe?
-Foi por causa de uma poesia, não foi?

Maira Garcia

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