quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Uso minha licença poética porque não sou jornalista para falar de Mia Couto.

E o Mia Couto fez a Mona Dorf se emocionar ao ponto de quase embargar aquela voz segura que costumamos ouvir, ontem no Cinema da Livraria Cultura. 
"Como escrever algo com uma alma tão feminina, me explica?"
Após ler a introdução de um de seus livros. A mulher que vive na África como um todo, e em Moçambique é enorme, mítica e soberana, mas vive sobre uma violência, se é magnífica, é considerada bruxa, e sendo exuberante por si só é castigada. Os homens ali tem medo delas e respondem com vingança e violência, e aí consiste a mulher que precisa existir e vou de encontro a ela, transcrevo com minhas palavras um breve resumo. Tivemos o Mia lendo trechos de "A confissão da leoa", ao nos contar a partir de um fato real sua Moçambique inventada, como ele sempre diz. "Há muitos sítios ali que não existem, não adianta procurar no mapa!". E quando afirma que "as perguntas são mais cheias que as respostas" e "gostaria de mais luz aqui, esta penumbra confere ao local um certo ar de clandestinidade, e eu gostaria muito de ver vocês", fez valer a pena ter ido lá para ouvir o que o sertão de João Guimarães Rosa nos trouxe de volta pelo mar. Com a pele rosa, olhos azuis de fogo, alma negra e mestiça, Mia Couto.

2 comentários:

  1. Esse dia foi muito especial e eu estava lá assistindo a entrevista da Mia e me encantando com as histórias dele, e depois conversei com ele na sessão de autográfos.

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  2. Nadir, foi um dia de encanto, sem dúvida! Muito obrigado por trazer suas palavras!

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