quarta-feira, 3 de julho de 2013

Descobertos

Aprendi em junho, que cidadania se aprende com empatia. Se eu não entendo e sinto, ou tento sentir o que o outro sente, eu não vou entendê-lo, não vou respeitá-lo, não vou ser alguém que me importo com o próximo e o coletivo. A vida do outro, que está ao lado, pode ficar do nosso lado. Ouvi tantos desabafos, de madames que não entenderam os 20 centavos, a madames que entendem e sabem o que passam seu empregados, de empregados que entendem e patrões que não, de empregados que não entendem, de pessoas que diziam, "quem mandou eles subirem para a Avenida Paulista?". Vi profissionais liberais e estudantes e tantos mais, fazendo mais que um número teatral, se arriscando para falar em nome do outro, dos manos e das minas, que nem todos sabem da dificuldade e da distância que é poder estar ali, naqueles horários das manifestações. Eu não fiquei com raiva de alguns comentários, senti pena de ouvir a falta que é não estar na pele do outro e daqueles que há anos estão no poder, e pelo poder esqueceram, ou nunca pegaram fila e trem lotado, não sabem quanto custa um pãozinho e uma cesta básica no final das contas, e nem quem somos nós, que precisamos urgente e há muitos anos, de um poder público eficiente, que saiba dialogar na prática com a população, sem fingir que está tudo bem. Agora todos nós, que passamos pelos centros das cidades, acessos privilegiados, onde normalmente vão os carros, os ônibus e nossos vinte mil centavos, sentimos na pele a tensão que é na periferia a questão da segurança pra essas regiões, o tratamento que tivemos e o despreparo, a violência e a solidariedade, todos andando juntos para se proteger. Isto é empatia, sentir também a dor e o aperto que é a vida do outro, bem aqui perto, sem cerca. Fomos descobertos.

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