domingo, 23 de fevereiro de 2014

Seguremos as outras mãos enquanto juntos escrevemos

Nos seguramos:
A pulsação não começou e já está lá.
 Seguro para ter a certeza do sangue correr até a mão esquentar.
Começa a temperatura a subir, a mão se ajeita e percebo
 a gentileza de não machucar.
Ajeito a outra mão ajeita, segurar é uma ação que respeita.
O suor começa a fazer efeito, a outra mão escreve
 enquanto a minha invertida prossegue,
 a que fica segura a outra que fica,
enquanto a outra também segue.
As mãos invertidas tentam não cansar a mesa
que se cansa na certeza de cansar,
mas a gente se ajeita.

Nos soltamos:
O cotovelo marcou, acho que o seu também,
 a mesa se ajeitou e me dou conta
do tempo que a mão escreveu.
 A temperatura ainda é alta, a respiração é baixa.
O lápis quer parar de escrever,
mas obedece o exercício.
Sinto o respirar do peito,
a pulsação mudou de lugar,
mas a mão e os dedos
correm para alcançar as mesmas linhas de cima.
O cansaço quer que eu pare,
a vontade quer que eu prossiga.
Ouço a respiração da outra mão que segurava a minha.

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