terça-feira, 2 de setembro de 2014

Ontem eu caí, mas antes de sentir dor me socorri com as mãos dos que não me conhecem, eram mais de seis que me recolhiam junto aos destroços do avião da minha mochila. Pressenti a queda, a câmera não foi tão lenta. As mãos me acompanharam na mesma calçada que me atropelou até o Corpo de Bombeiros, mas eles não tinham gelo. Meu braço sangrou tatuado pela calçada, mas o sangue pisou, não caiu quase nada. O gelo ganhei no bar da esquina, colocaram no saco para eu estacionar joelho acima. Encontrei um táxi que não aceitava cartão, mas esperou eu sacar meu dinheiro no caixa. Seu Vladimir, filho de galego como eu, me fez rir no caminho, ele que faz ponto na Sé e no Mercadão, me garantiu que lá tem frutas, peixes, legumes, pasteis e bons partidos sem coligação, melhor dizendo, solteiros. Cheguei no hospital mancando, sentei na cadeira de rodas, passei no médico, tirei as botas das meias imperfeitas, a calça não subiu até o joelho, fui tirar as chapas, me senti modelo tamanha as orientações para colocar os ossos. Não quebrei, parece que não trinquei, inflamou pois me contundi. Antiinflamatório, muito gelo, fisioterapia, e o carinho das seis mãos, mais a conversa de ouvinte do Seu Vladimir, que me fez rir para esquecer as dores do caminho que não era de Santiago, mas terminariam no bairro do Paraíso.

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