sexta-feira, 1 de maio de 2015

Ébano

Ébano, tem uma pisada forte, passa rápido e saúda todos com uma voz de sax tenor. Deixa um rastro de almíscar com o sopro da loção de barba quando leva a boca na minha face direita. Aperta a mão juntando as palmas, macia com pequenos calos da metalurgia, é um ferreiro. Independente do tempo que faça, usa uma camiseta de mangas curtas, a sentir seus pelos do braço.
O lugar se preenche de Ébano. Na escuridão que me encontro, tenho apego a pequenas fagulhas da sua presença. Outro dia fiquei surpresa, Ébano, me contaram, é branco.
Eu, negra, cega de nascença, sonhava com um príncipe negro. Silêncio, o Ébano está chegando.

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