domingo, 13 de setembro de 2015

A menina sofria de uma anomalia. Saber o que a pessoa tinha pelos cheiros que exalava. Evitava ficar muito próxima ao hálito, sabia quando a pessoa estava com gastrite, prisão de ventre, e já havia sentido um câncer de uma amiga. Ela fazia segredo, algumas vezes puxava assunto para saber da última ida ao médico quando se sabia algo grave. Era uma sensação angustiante. Com a sinusite a coisa se agravava, a informação atravessava o corpo, valorizava pela roupa, então sentia a tristeza num cheiro azedo, feito cachorro molhado, a alegria rosácea com notas de limão da pérsia. Alguns usuários de drogas que ninguém percebia, um cheiro de maquiagem guardada vencida.
Ela, com esse problema tão particular e indiscreto na sua presença,
agradecia o dia de acordar com o nariz completamente entupido.

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