terça-feira, 28 de junho de 2016

Os dedos mereciam luvas, mas a ideia de ter as extremidades gélidas lhe era agradável. Trazia uma jaqueta surrada, um velho jeans e chinelos de dedos. Um cobertor cinza cobria os pensamentos, mas tinha os dedos pra lembrar do tempo, de que trazia o cinza para deixá-lo transparente na paisagem. Quando isso acontecia lembrava dos dedos, dedos que contavam os dias num calendário de cartão de bolso, dedos que se juntavam pra enxergar o céu azul queimando a fronte. Dedos que rezavam, dedos que andavam, dedos que faziam figa, dedos que pediam comida. Dedos.

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