domingo, 16 de julho de 2017

Ele surgiu na entrada do cinema, no alto do seu cabelo preso, terno cinza, postura curvada. Depois sumiu. Surgiu sorrindo para entrar na mesma fileira que ela, atrapalhada, sentada de saia florida, pipoca no meio das pernas. Seu lugar era ao lado dela, mas só encorajou quando um casal cobrou o seu assento. Conversaram até o trailer começar. O filme era pra rir, riram uníssonos. O filme era pra constranger, silenciaram. Na hora do letreiro, não se sabe o porquê, deu uma vontade louca dela ir embora e dar tchau. Lá fora, se viram pelo espelho do hall, ele sorriu, ela ficou sem graça e não olhou mais. Quando viu ele já tinha ido embora. E ficaram com essa história até dormir. E esqueceram, que é sempre melhor assim. Mas a cidade grande quando quer fica bem pequena, se reencontraram tempos depois no mesmo cinema, aí ele segurou nas mãos dela e disse "hoje ninguém dá tchau."

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