quarta-feira, 21 de março de 2012

Mulheragem


Para ser mulher tem que ter muita coragem.
Para os pelos que vão aparecer
e para fazê-los desaparecer.
Sabendo desde o início que os apelos com os anos vão crescer.

Filhos se os terá, pode ser que sim,
pode ser que não.

Se puder vir a escolher,
ou escolher a solidão.

Ganhar menos ou mais,
Aceitar quem vem com menos e...
Tanto faz!
A fome de comer e a fome de não.
Aceitar ou rejeitar, quase sempre num feito,
de um jeito sentido, de coração.

Pode ser que venha a ouvir vários sim,
Mas foi de tanto ouvir que não podia,
que a mulher ficou corajosa assim.
Da noite para o dia.

 Maira Garcia

domingo, 18 de março de 2012

Feliz sem modos e ri.

Minha cidade deu para virar cambalhota,
De tanto virar, passou a rir.
Ri e ainda por cima arrota!

                                  Por Maira Garcia


quinta-feira, 15 de março de 2012

Abrolhos

Se todas as folhas tocadas,
lidas,
tecidas,
feridas,
mortas,
rasgadas,
passadas,
criadas,
desenhadas,
manchadas,
recicladas,
sumidas,
queimadas,
esquecidas,
pintadas,
diminuídas,
furadas,
coladas,
assumidas,
configuradas,
modificadas,
molhadas,
cortadas,
libertadas,
animadas,
perfumadas,
evaporadas,
secadas,
ampliadas,
picadas,
sujadas,
vivas,
amassadas,
poluídas,
punidas,
autenticadas,
restauradas,
ampliadas,
lembradas,
fraudadas,
engolidas,
absorvidas,
renovadas,
copiadas,
absolvidas
e repetidas
                     abrirem olhos
                     teremos muitas flores.
Inclusive em Abrolhos.

                       Por Maira Garcia

sexta-feira, 9 de março de 2012

Artigo dos quintos quando faltar a quinta essência.

Chegou sem o azul dos olhos que no final todos temos
ao fundo, enxergando ou não esse mundo.
       Foi tanto que seu nome não se ouviu.

Retinto de todas as cores, misturadas e muito juntas.

Algo de cobre, que se descobre, cachos de várias texturas.
Aromas de todos os sabores e, nos ombros um manto,
feito de fio de todas as dores.

Havia algo de céu sem o tempo devido de virar esperanto.

O som da conversa que teve com um anjo, foi sumindo
pelo teor do diz-que-me-disse.
Num país sem direito à ampla defesa, aquela garantida pela constituinte.

      Maira Garcia

sábado, 3 de março de 2012

Sem costuras

Sem código de barras,
rosca ou precisão de ajuste.
Sabe-se também que o par ao seu lado não é roupa.
Com a devida indumentária,
além das reticências,
e a ausência tátil de um chip
Evidencia que o
ser perfeito não se despe
porque também não existe.

                                            Por Maira Garcia