domingo, 30 de janeiro de 2022

Fiquei mais pesada,

as roupas apertadas,

mas a alma leve.

Vieram morar comigo dez quilos.

Que sentem fome,
ficam tristes quando
faço ginástica.
Parecem não querer ir embora.

30 de janeiro de 2018

sábado, 29 de janeiro de 2022

O amor de verdade envergonha.

Pode reparar.
Pelo menos de início.
Depois se acostuma.

 


O amor de verdade envergonha. Pode reparar.


29 de janeiro de 2019

 

Estou aqui parada num bar
de esquina no Carrão
vendo os carros que passam
antes que a chuva venha,
antes que eu pegue o metrô
e coloque dentro
da minha
mochila
no contrafluxo do rush.
Os carros não sabem,
mas já coloquei um ritmo
neles
e eles tocam música,
a que não se ouve em ninguém.l


29 de janeiro de 2019

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

 


Um livro de poesia
pode ser um oráculo
que se abre a esmo.
Aconteceu agora mesmo.
Abri o livro e na página
solta encontrei no poema
uma resposta,
ou foi meu pensamento
que gostou das palavras.

 


Os olhos perdendo
o que se pode mostrar
o mundo,
em breve não veria
mais o horizonte do seu rosto.
Faz uma foto,
envia pelo celular
para que veja melhor
antes de qualquer encontro.
Encontro que não sabem
se virá,
se terão.
Ao abrir o celular e receber
a imagem chora.
Chora feito uma criança.

28 de janeiro de 2021

 


Sei que a gente
nunca
vai
se encontrar.
Porque estou perdida.


28 de janeiro de 2021

 


Aponte o dedo para uma estrela no céu,
e meça do alto a distância entre a estrela e os seus problemas.

28 de janeiro de 2019

 


Você leva revista,
leva jornal,
leva celular,
então leve também poesia no banheiro.

28 de janeiro de 2018

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

 


amar quem a gente não pode amar
quem amar a gente não pode amar
a gente não pode amar quem amar
não pode amar amar quem a gente
pode não amar quem a gente amar
amar não pode quem a gente amar

27 de janeiro de 2021

 


No dia que escurece
Antes que chova
É noite.


27 de janeiro de 2021

 


Sofia não dormia mais com Seu Divan,
largou tudo e foi embora
com a tal da poesia escondida no sutiã.

27 de janeiro de 2019

 


Ando meio diferente
no meio dos pedestres.
Ando meio diferente,
mas o coração anda batendo
do mesmo jeito.
Ando meio diferente,
e o tempo anda o mesmo.
E você que ainda não apareceu
pra ver que eu ando diferente
sem você.

27 de janeiro de 2019

Quem bebe da fonte 

diz onde. 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

 

No ano 2000, entrou num café em Salvador, em pleno verão.
Mania de paulista.
Tempo que se escrevia o celular na notinha que ficava pro caixa.
E ele no caixa.
Ela não viu nem o rosto
mas gostou mesmo assim.
O cara se espantou por ela reclamar
não ver entre os bonecos escritores expostos no café,
artistas da Bahia,
nenhuma mulher.
Disse que foi a primeira que reclamou.
Ficou encantado.
No último dia do carnaval,
o namorado da moça sumiu
na Castro Alves.
E deixaram na caixa postal dela.
"Se você estiver sozinha me liga."
Achou que era zoeira e não percebeu quem era.
Acabou o namoro com o carnavalesco.
Em São Paulo caiu a ficha que o recado era do caixa.
Pediu pra amigos o procurarem quando estivessem em Salvador.
Mas o café fechou.
Naquele tempo nem tinha memória de número na caixa postal.
O caixa sumiu,
não era mais carnaval.

 


Pares de íris dos olhos se tocaram.
(por acidente)
Dentro dos castanhos.
Se cruzaram e nasceu o improvável.
Um céu azul.

Lembra alguém

de algum lugar, não se sabe onde.
Porque a impressão é que já se viu.
Às vezes da infância,
admiração que se tem por alguém
que nem lembra mais quem é.
De algum filme,
nem lembra mais qual.
De um dia que se viu na rua,
não lembra a cidade.
Da rede, não sabe a plataforma.
Porque quando viu teve a impressão
(e depois a certeza quando apaixona)
que já se conhecia de algum lugar.
E não foi cantada.
De quem usa a impressão tão desgastada.
Porque ninguém mais acredita.

 


A sua negativa
me faz escrever
mais palavras.
Você não me
ama e o poema
não acaba.

26 de janeiro de 2021

 


Apaixonada,
não escrevo poemas,
não faço nada.
Por isso é que eu pago
pra não ficar
apaixonada.

26 de janeiro de 2019

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

 


Não adianta esconder
as palavras.
Elas existem antes que alguém
as pronuncie ou escreva.
Guardadas na cabeça,
sem que a garganta as conheça,
tem quem leia.
Isso assusta mais do que
uivo na Lua cheia.

São Paulo da multidão

que ao locomover agoniza,
é tanta pressa
que o que interessa,
o tempo não prioriza.
Mas basta te olhar ao longe
pra ver onde seu povo se esconde.
Nos arranha-céus,
nas casas e sobrados,
nos condomínios
onde a vista alcança
a quebrada e suas lajes
feitas de esperança.

20 de janeiro de 2020,

A música cantada em outro idioma,

um que não se saiba palavra,

faz meditar na melodia.


As palavras soam como mantras

que não precisam ser compreendidos.


A articulação da voz ganha um instrumento novo,

e como Babel chegam ao céu.


A se ouvir a voz de Deus.


24 de janeiro 

domingo, 23 de janeiro de 2022

 

Se conheço a voz de quem escreve o texto
ouço com nitidez na minha leitura.
Ouço poemas,
ouço contos,
ouço romances.
De quem não conheço a voz
empresto de mim.

23 de janeiro de 2021

 

Enviei um poema
que não era de amor
para o meu.
Que notou um erro
de grafia e me avisou.
O verbo ascender
estava grafado errado,
o correto ali seria acender.
Adorei que tenha
apontado
o erro,
quando vejo um
faço o mesmo.
(às vezes)
23 de janeiro de 2018

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

 


Hoje a tarde,
havia um buraco redondo bem
no meio de uma nuvem
e dava para ver que dele saía o Sol.
Quem olhou pro céu um pouco antes da chuva viu o buraco.
Viu a luz fazendo graça.

21 de janeiro de 2022

 


As crianças conversam
com as árvores,
depois esquecem
como são esquecidas
as fantasias quando crescem,
porque não servem mais no corpo.

 


A garça não sabe que o rio é sujo,
só sabe que é rio.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

 


Não adianta esperar
porque não esperam.
Este é o trabalho do tempo.

20 de janeiro de 2020

 


O Horizonte é o mesmo,
as pessoas não.

20 de janeiro de 2021

 


Hoje a tarde,
havia um buraco redondo bem
no meio de uma nuvem
e dava para ver que dele saía o Sol.
Quem olhou pro céu um pouco antes da chuva viu o buraco.
Viu a luz fazendo graça.

Tem livro que gosta de orelha,

vestir o prefácio,
calçar o posfácio,
se cobrir com a capa.
Tem livro que gosta apenas de um frase pra falar do livro,
e sai a autoria pela vida,
atrás de quem faça uma ou mais até.
Tem livro que sai pelado,
sem roupa sem capa,
sem nada.
Sai como veio ao mundo,
dá pra ver as costuras da página.
(e como tem beleza ver um livro nu)
Você até esquece que lê um livro.
18 de janeiro de 2020

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

 


Escrevo pra que alguém numa conversa
fale um pedaço de um poema meu.
Se isso já aconteceu,
se vier a acontecer,
talvez nunca saiba.
Talvez nunca aconteça.
Escrever tem essa graça.
Uma vontade besta.

Sempre aos domingos

Estavam na pandemia. Aos domingos, se falavam pelo whatsapp e combinavam perto do meio dia o papo das seis. Um domingo, ao chamar o amigo ao meio dia, percebeu último acesso às 11h. De uma em uma hora, monitorava o celular para ver se havia resposta. Perto das 18h, começou a se preocupar, se deu conta que o amigo, que morava sozinho no apartamento, não lhe passara o contato de algum vizinho ou parente. Seguiu a noite com os olhos soltos, se pensava caiam lágrimas, mas se segurava na esperança de ter notícia. Entrou na madrugada em oração, lembrou da última vez que tinham se visto, antes de fechar a cidade de novo, de como ele estava com os braços torneados, a roupa esportiva que vestia, a graça de aparecer com o óculos escuros e máscara, fazendo dele irreconhecível. Riu um pouco e depois chorou de saudade. Enviou um e-mail que pedia contato assim que possível. Dormiu às 4h. Quando ela acordou tinha mensagem deixada às 6h. "Fui no forró."

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

 

Você tem as manhãs,
as tardes,
as noites,
os dias.
Tem quem diga que não tem maravilhas.

17 de janeiro de 2018

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

A agulha escorreu dentro de mim

e o líquido tocou as paredes internas da pele,
descendo a corredeira do meu sangue,
enredando a cabeça,
pulsando
os braços
das mãos
as pernas.
A cabeça me fez ouvir uma música,
repetidas vezes,
no momento do refrão,
meio que pra tentar me distrair.
(pensei)
Quando parou a sensação de gripe,
depois de algumas horas,
me suspendeu no lugar mais alto do quarto
pra que eu pudesse ver o mundo.
E do teto pousei na cama aliviada.
A vacina contra o Covid,
para que eu não mais a esquecesse,
fez minha cabeça ouvir novamente:
"Do you believe in life after love?"


domingo, 16 de janeiro de 2022

O caminhão do lixo

É a certeza que passa,
o resto do destino.
A parte recatada da riqueza
que não come a fome,
e carrega a comida
depois de servida.
Os lixeiros passam,
recolhem as mesas da calçada,
a cidade espalita
os dentes
e solta o bafo
de sempre.

16 de janeiro de 2018

 

Caminhamos na mesma direção,
mas não vamos
ao mesmo lugar.

16 de janeiro de 2020

 

A solidão
me distrai
e assim
me conta
quem chega.

16 de janeiro de 2020

sábado, 15 de janeiro de 2022

Confiança parece ser tudo.

Perdê-la,
parte um mini-mundo.
(Recuperá-la, uma arte)

14 de janeiro de 2022

 

Agora é olho
no olho,
e ai de você
de não olhar.
12 de janeiro de 2018

 


Parece que desapareço sem endereço.
Perguntei onde morava,
me disse
pelo caminho.
Vim de Cruzeiro, Rio de Janeiro,
sigo sozinho.

12 de janeiro de 2022

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022