Fiquei mais pesada,
Poesia, textos e todas expressões que surgirem para partilhar, sempre depois que a Lua me tocar.
domingo, 30 de janeiro de 2022
sábado, 29 de janeiro de 2022
Estou aqui parada num bar
de esquina no Carrão
vendo os carros que passam
antes que a chuva venha,
antes que eu pegue o metrô
e coloque dentro
da minha
mochila
no contrafluxo do rush.
Os carros não sabem,
mas já coloquei um ritmo
neles
e eles tocam música,
a que não se ouve em ninguém.l
29 de janeiro de 2019
sexta-feira, 28 de janeiro de 2022
Os olhos perdendo
o que se pode mostrar
o mundo,
em breve não veria
mais o horizonte do seu rosto.
Faz uma foto,
envia pelo celular
para que veja melhor
antes de qualquer encontro.
Encontro que não sabem
se virá,
se terão.
Ao abrir o celular e receber
a imagem chora.
Chora feito uma criança.
28 de janeiro de 2021
quinta-feira, 27 de janeiro de 2022
quarta-feira, 26 de janeiro de 2022
No ano 2000, entrou num café em Salvador, em pleno verão.
Mania de paulista.
Tempo que se escrevia o celular na notinha que ficava pro caixa.
E ele no caixa.
Ela não viu nem o rosto
mas gostou mesmo assim.
O cara se espantou por ela reclamar
não ver entre os bonecos escritores expostos no café,
artistas da Bahia,
nenhuma mulher.
Disse que foi a primeira que reclamou.
Ficou encantado.
No último dia do carnaval,
o namorado da moça sumiu
na Castro Alves.
E deixaram na caixa postal dela.
"Se você estiver sozinha me liga."
Achou que era zoeira e não percebeu quem era.
Acabou o namoro com o carnavalesco.
Em São Paulo caiu a ficha que o recado era do caixa.
Pediu pra amigos o procurarem quando estivessem em Salvador.
Mas o café fechou.
Naquele tempo nem tinha memória de número na caixa postal.
O caixa sumiu,
não era mais carnaval.
Lembra alguém
de algum lugar, não se sabe onde.
Porque a impressão é que já se viu.
Às vezes da infância,
admiração que se tem por alguém
que nem lembra mais quem é.
De algum filme,
nem lembra mais qual.
De um dia que se viu na rua,
não lembra a cidade.
Da rede, não sabe a plataforma.
Porque quando viu teve a impressão
(e depois a certeza quando apaixona)
que já se conhecia de algum lugar.
E não foi cantada.
De quem usa a impressão tão desgastada.
Porque ninguém mais acredita.
terça-feira, 25 de janeiro de 2022
São Paulo da multidão
que ao locomover agoniza,
é tanta pressa
que o que interessa,
o tempo não prioriza.
Mas basta te olhar ao longe
pra ver onde seu povo se esconde.
Nos arranha-céus,
nas casas e sobrados,
nos condomínios
onde a vista alcança
a quebrada e suas lajes
feitas de esperança.
20 de janeiro de 2020,
domingo, 23 de janeiro de 2022
sexta-feira, 21 de janeiro de 2022
quinta-feira, 20 de janeiro de 2022
Tem livro que gosta de orelha,
vestir o prefácio,
calçar o posfácio,
se cobrir com a capa.
Tem livro que gosta apenas de um frase pra falar do livro,
e sai a autoria pela vida,
atrás de quem faça uma ou mais até.
Tem livro que sai pelado,
sem roupa sem capa,
sem nada.
Sai como veio ao mundo,
dá pra ver as costuras da página.
(e como tem beleza ver um livro nu)
Você até esquece que lê um livro.
18 de janeiro de 2020
quarta-feira, 19 de janeiro de 2022
Sempre aos domingos
Estavam na pandemia. Aos domingos, se falavam pelo whatsapp e combinavam perto do meio dia o papo das seis. Um domingo, ao chamar o amigo ao meio dia, percebeu último acesso às 11h. De uma em uma hora, monitorava o celular para ver se havia resposta. Perto das 18h, começou a se preocupar, se deu conta que o amigo, que morava sozinho no apartamento, não lhe passara o contato de algum vizinho ou parente. Seguiu a noite com os olhos soltos, se pensava caiam lágrimas, mas se segurava na esperança de ter notícia. Entrou na madrugada em oração, lembrou da última vez que tinham se visto, antes de fechar a cidade de novo, de como ele estava com os braços torneados, a roupa esportiva que vestia, a graça de aparecer com o óculos escuros e máscara, fazendo dele irreconhecível. Riu um pouco e depois chorou de saudade. Enviou um e-mail que pedia contato assim que possível. Dormiu às 4h. Quando ela acordou tinha mensagem deixada às 6h. "Fui no forró."
terça-feira, 18 de janeiro de 2022
segunda-feira, 17 de janeiro de 2022
A agulha escorreu dentro de mim
e o líquido tocou as paredes internas da pele,
descendo a corredeira do meu sangue,
enredando a cabeça,
pulsando
os braços
das mãos
as pernas.
A cabeça me fez ouvir uma música,
repetidas vezes,
no momento do refrão,
meio que pra tentar me distrair.
(pensei)
Quando parou a sensação de gripe,
depois de algumas horas,
me suspendeu no lugar mais alto do quarto
pra que eu pudesse ver o mundo.
E do teto pousei na cama aliviada.
A vacina contra o Covid,
para que eu não mais a esquecesse,
fez minha cabeça ouvir novamente:
"Do you believe in life after love?"
domingo, 16 de janeiro de 2022
sábado, 15 de janeiro de 2022
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