Fui ser tão sincera,
e quem não erra?
Não sabe que a palavra sinceridade,
quando vira advérbio se revela?
É mesmo sendo sincera,
sem cera, a cara desmascarada
a sincera mente?
Gostei de cara de você.
A cara que a palavra emudece,
quando se aperta o mute na TV.
A cara que o olho tristesse, quando aperta o pause,
e vê que não se conhece, quem se vê.
É hora de partir,
olhar a vida na sacada,
pra descer as mesmas escadas.
A mala é de rodinha, a calçada é de pastilha,
o barulho que faz é percussão.
Vou embora rapidinho, se der tempo dou tchau
pros vizinhos, que o táxi, já me espera no portão.
Na parte que lhe cabe,
e que se combina,
no calor das palavras,
de carinho ou de dor,
até saber que raio é a silibrina,
repentistas do amor,
terminam de repente,
quase sempre,
constitucionalissimamente
em rima.
Para deixar de falar de si,
se faz necessário sermos outro.
Se o outro permitir.
Abrir os lábios.
Se o outro permitir.
Oferecer os ouvidos, com risco de ganhar cócegas.
Se o outro permitir.
Dar uns passos e dançar.
Se o outro permitir.
Deixar-se levar.
Sorrir.
Abracei um ramalhete de rosas,
ainda sob o efeito do encanto,
senti que não tiraram os espinhos.
E um espetáculo se fez em minha pele,
vertendo pétalas,
tatuagens e vinhos.
No banho
a mão seguindo o pescoço
percebi um caminho.
Em alto relevo,
duas marquinhas e o espanto.
O coração lembrava vagamente um coração, então um desenhista distraído, de olhos voadores viu a folha de uma planta. Puxando o ar pela boca, num palpitar de um palpite, retira a folha de papel do bolso esquerdo da camisa, e lendo os dizeres da amada, que do seu amor sabia e resistia, num rascunho imperfeito, com aperto no peito e no verso, tensiona um graveto contra o papel, fazendo nascer um coração novo em folha, olhando uma folha perdida no céu.
Aceita um peixe na telha,
arroz de cuxá,
tem também batata-doce,
e banana-da-terra?
Ribamar, vê se acorda,
não se deite nessa rede,
que o jantar e a louça
de depois, te espera!
Fechou o tempo,
e o céu fez manha pra eu fazer minha mala.
Precisava muito conversar com o céu, então peguei o avião.
Deixamos as nuvens passarem, e com o sol fazendo sala,
o céu se abriu comigo.
O pássaro respeita, e na presença de tudo, as asas vão antes, abrindo passagem.
O pássaro perde o respeito, não oferecendo passagem, apenas
quando não pode bater suas asas.