sábado, 30 de novembro de 2013

Paranapiacaba

Marrom salpicado
de verde, com ar de quem
me leva pra casa.
Da serra que vem a lágrima doce,
da vista que não se acaba.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Madrinha e padrinho

Tocando o pé na estrada,
rebanho, berrante, e pergaminho.
Juntando quem não se juntava,
lá vai madrinha e padrinho.

Sincera-mente

Fui ser tão sincera,
e quem não erra?
Não sabe que a palavra sinceridade,
quando vira advérbio se revela?
É mesmo sendo sincera,
sem cera, a cara desmascarada
a sincera mente?

Até saber

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios,
até saber que os olhos do Marçal de Aquino,

 são de um menino.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Torci-colo

Sem poder virar para os lados,
ou para trás,
o torcicolo torce para que se olhe para frente.

De cara

Gostei de cara de você.
A cara que a palavra emudece,
quando se aperta o mute na TV.
A cara que o olho tristesse, quando aperta o pause,
e vê que não se conhece, quem se vê.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Pense nisso

Há quem sofra de acreditar,
em tudo, que todo mundo pensa.

Arrumando as malas

É hora de partir,
olhar a vida na sacada,
pra descer as mesmas escadas.
A mala é de rodinha, a calçada é de pastilha,
o barulho que faz é percussão.
Vou embora rapidinho, se der tempo dou tchau
pros vizinhos, que o táxi, já me espera no portão.


Repentistas do amor

Na parte que lhe cabe,
e que se combina,
no calor das palavras,
de carinho ou de dor,
até saber que raio é a silibrina,
repentistas do amor,
terminam de repente,
quase sempre,
constitucionalissimamente
em rima.


terça-feira, 26 de novembro de 2013

Se o outro permitir

Para deixar de falar de si,
se faz necessário sermos outro.
Se o outro permitir.
Abrir os lábios.
Se o outro permitir.
Oferecer os ouvidos, com risco de ganhar cócegas.
Se o outro permitir.
Dar uns passos e dançar.
Se o outro permitir.
Deixar-se levar.
Sorrir.

Fazendo arte

Inspirar-se é trabalho
caudaloso
que arde as ventas.

o que não se cria,
se copia,
não venta.

domingo, 24 de novembro de 2013

Abracei um ramalhete de rosas

Abracei um ramalhete de rosas,
ainda sob o efeito do encanto,
senti que não tiraram os espinhos.
E um espetáculo se fez em minha pele,
vertendo pétalas,
tatuagens e vinhos.
No banho
a mão seguindo o pescoço
percebi um caminho.
Em alto relevo,
 duas marquinhas e o espanto.

Foi um vampiro.

Trupicão

Levar palavras ao pé da letra, pode causar tropeços.

sábado, 23 de novembro de 2013

Como pode ter nascido um coração

O coração lembrava vagamente um coração, então um desenhista distraído, de olhos voadores viu a folha de uma planta. Puxando o ar pela boca, num palpitar de um palpite, retira a folha de papel do bolso esquerdo da camisa, e lendo os dizeres da amada, que do seu amor sabia e resistia, num rascunho imperfeito, com aperto no peito e no verso, tensiona um graveto contra o papel, fazendo nascer um coração novo em folha, olhando uma folha perdida no céu.

Os sonhos são seus

Os sonhos são seus,
ninguém entra sem querer,
mesmo sendo convidado.
São tão seus, que dormem dentro dos seus olhos,
pra ninguém ser incomodado.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Ribamar

Aceita um peixe na telha,
arroz de cuxá,
tem também batata-doce,
e banana-da-terra?
Ribamar, vê se acorda,
não se deite nessa rede,
que o jantar e a louça
de depois, te espera!

Minúscula e maiúscula

Pequena, a palavra foi malcriada,
 crescida, ficou grande,
 e formou um palavrão.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Eu nado nada

Se for para o mar eu nado,
se for para amar,
eu nado nada.

Do mesmo tamanho

A gente desenha uma paisagem quando criança,
e chega o dia que a paisagem te alcança.

(Sol e gaivota se despedindo, em Joaquina, Florianópolis, Santa Catarina)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Pra ouvir

Leva as mãos em concha,
num faz de encanto, 
para ouvir um mundo sem mar, 
quem a vida faz poeta.

Menina Joaquina

Joaquim teve a menina Joaquina, 
que sumiu na areia, 
pro mar devolver, 
menina sereia, 
surfista.

Até deixar de doer

A dor tem memória de elefante,
 até o dia de virar passarinho.

Fechou o tempo

Fechou o tempo,
e o céu fez manha pra eu fazer minha mala.
Precisava muito conversar com o céu, então peguei o avião.
Deixamos as nuvens passarem, e com o sol fazendo sala,
o céu se abriu comigo.

sábado, 16 de novembro de 2013

Salva-chuvas

Fez sombra da nuvem no mar,
 mar e nuvem mudou de cor, 
como o sol não pode nadar,
fez chuva como prova de amor.

Maravilhada

Carreguei palavras na sacola, 
na saia, nas sandálias. 
Perdi todas elas quando cheguei na praia.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

O pé adora andar livre e descalço, mas na hora da topada sente falta do aperto do sapato.

domingo, 10 de novembro de 2013

A chave

Ouvi muitos nãos, 
mais do que sim.
Vi portas se abrirem, 
se fecharem, sem qualquer
explicação, mas nunca desisti.

sábado, 9 de novembro de 2013

terça-feira, 5 de novembro de 2013

domingo, 3 de novembro de 2013

Acerte o erro

Certos acertos acertam erros errados que erram.

Passagem

O pássaro respeita, e na presença de tudo, as asas vão antes, abrindo passagem.
O pássaro perde o respeito, não oferecendo passagem, apenas
quando não pode bater suas asas.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013