Sobreviver não é mérito,
é oportunidade.
Porque vida e morte é
o mesmo caminho.
27 de maio de 2022
Poesia, textos e todas expressões que surgirem para partilhar, sempre depois que a Lua me tocar.
O tronco de uma amoreira
tem farpas e espinhos
quando rompido.
É preciso cuidado,
Tanto que se esquece
dos frutos macios
que dissolvem na boca
revezando o azedo e doce
de cor avermelhada
que existiam nos seus galhos.
Eu nunca tinha visto um tronco
de amoreira cortado.
É tão real
que se esquece
o sonho dos frutos,
me lembrei da partida de Jesus.
Juro!
19 de maio de 2022
Quem se acostuma com a solidão
Não acredita em cara metade,
não perde tempo na espera.
Perde a ansiedade.
Tem fé no acaso,
e a cabeça na Terra.
Acredita piamente
na afinidade.
Confia no próprio taco,
na própria bolsa
e no próprio peso.
Quem se leva pra passear
pode ficar distraído
pois sabe que o destino
é incorrigível,
pois esbarra,
assusta e paralisa.
A solidão
está nos planos
de quem vai ser encontrado,
justamente
por andar sozinho.
16 de maio de 2019
O povo da Cracolândia
estava na Princesa Isabel,
mas por conta de uma ação
da polícia pra prender traficantes
migraram pra outra praça.
No vídeo o jornalista informa
que fazem o uso de entorpecentes
atrás de um monumento.
Nas praças pulsam
as vontades das cidades
em sua ancestralidade.
A vocação pela vida.
Neles o trajeto traçado
mesmo na embriaguez do vício.
Mesmo quando dispersam.
O povo da Cracolândia
sem saber já tem a resposta.
Quero heróis e heroínas
de morte morrida,
que de morte matada
aumenta minha agonia.
Quero heróis e heroínas
de morte natural,
que o coração pare
de bater por querer.
Quero heróis e heroínas
que não desistam da lida,
porque precisamos
deles ainda.
Quero heróis e heroínas
de morte sonhada,
com festas de despedida.
1 de maio de 2019, no Facebook