domingo, 30 de dezembro de 2012

Rota dos pássaros

Há sempre um pássaro que
ao iniciar do voo, com os seus
fala com as nuvens:
-Como é lindo esse céu!
Até a volta! Adeus!

A possibilidade de não ter.

A possibilidade de não ter é grave apenas no tom da voz.
A possibilidade de não ter é imensa, alimenta,
inspira e muda todas as rotas.

Então comemoro a possibilidade de não ter.

A possibilidade de não ter enche as ventas.
A possibilidade de não ter, não se abre mão,
nos cobre de honrarias, nos ilumina,
e o que é melhor, é grátis, nos deixa sem culpa ou redenção.

A possibilidade de não ter, a gente inventa e deita em cima.
Inerente a possibilidade de viver ou morrer.

A possibilidade de não ter,

é ser.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Amor e palhaçada, palhaçada do amor.

O palhaço para a palhaça, num picadeiro montado na praça:
-O que o amor tem a ver com o humor?
Abrindo e fechando os olhinhos, um montão de vezes,
reverenciando a resposta dela.
-Não sei amor, você me faz tanta pirraça! Não sei se isso é amor! 

Descabelando, eis que a palhaça arregaça.
Os tambores rufaram para o palhaço simular um descontrole do peito, 

prendendo a boca com um pregador de varal, implora pelos olhos
da amada, e num quase desmaio não programado, congela diante da plateia. 
Mas é ela quem desata:
- Que aconteceu? Engoliu a fala, dessa deixa que você não esperava, 

mas quem errou? Me fala?
Descongelando, esquece o palhaço em casa, solta os lábios presos

 e confessa num sussurro ouvido por todos:
-Você me quebrou as pernas amor...Contou para o respeitável público, 

como é que a gente faz amor!

Maira Garcia




sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Por quase nada

Sua postura me carregou na primeira braçada.
Me apaixonei tão rápido, e por quase nada.
Me aventurei sozinha, em lugares insistentes por visitas,
que nunca chegam.
Me retirei, chorei, dei vistas e vistos.
Depois sorri, como quem recebe,
e perde o amor, no maior improviso.

Como fazer uva passa

Desejar a uva, a intenção é sua.
Então a fruta aquece, amadurece e cai.
O sumo assim se aquece, e a uva passa.

Maira Garcia

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Quer café, louro?

O papagaio aprendeu a dizer:
-Quer café, louro?
Repetia com exaustão a frase, que ninguém mais achava graça na casa.
Aí um dia ele disse:
-Quer cachaça, louro?
O pessoal gostou da ideia tosca do louro, e como eram fracos na bebida, dormiram bebinhos na mesa.
E foi assim que o papagaio "Pinga ne mim", nunca mais foi visto por aí.

Maira Garcia


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Passageiros

As cabines que ainda navegamos,
usamos, sem precisar, o código morse.
Lá fora, o capitão, interrompeu a transmissão e mandou avisar:
-Atenção senhores tripulantes, haja a tempestade que houver,
mantenham a calma. Todos temos um norte!

Maira Garcia


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Adeus, Platão.

Algo se aproxima,
anunciando o fim
de uma era de cisma.
...

Vem vindo, plainando,
e cairá
sem explodir, nem pesar.
Subirá em dia de siesta,
correrá, escadas encaracoladas,
ajeitando fenestra.
Ficará, ao lado, dobrado,
coberto, soberbo, nadando,
em caldas de mil fios,
e algumas que restarem
vão tocar seresta nesse rio.

Pelas arestas, dedos
cerram cortinas,
sem ceras, tão claras.

Buzinas e luzes os guiam,
anunciando o findar do medo,
sem escaras.

Não concedendo mais platonices e segredos,
Ao invés, enlevam, concedem
bamboleiam, bombeiam,
a chique-chiquear,
chiqueando até cansar.

Baião, um, dois,
panos de sim,
feijão com arroz.
Farão duos, e quando
desfeitos, satisfeitos
serão festim.





domingo, 23 de dezembro de 2012

A dor de um segundo não é dor

O mundo cai duas vezes,
em cima de quem é forte,
resistir ao peso é oportunidade,
azar ou sorte.
De tão forte,
Um anjo te carregou da primeira vez,
pra não sentir dor,
E aí já era,
a maldade nessa hora,

 pensa que consegue, mas erra.

Mas dor sentiu quem ouviu, viu
e lembrou do sorriso na voz,
do sonho de locutor.
Das antenas,
a tristeza de ser transmitido pelo Datena.

Pra lembrar que nosso mundo,
 há vários mundos,
da barbárie,
das trevas de verdade,
 e da luz que faz caminho aqui pra te levar pra bem longe,
do chão do submundo.que se abriu para si.

Lá pra onde você foi,
não se conhece abatimento,
carro no chão,
atropelamento
Levantar, aceno, aceno de mãos.

O socorro é outro, chega pleno, sempre em forma de oração.

Para Pedrinho,
que sorrir nos fazia acreditar sorrindo,
mas para ir embora,
deixaram que ele fosse embora
de carona para o céu, dormindo.


Outro plano

Lêdo Ivo, ledo engano.
Apenas voou pássaro,
e chegou em outro plano.

Maira Garcia

Com fiança

Dignidade que arde.
Que se abre pra quem se abre.

Maira Garcia

sábado, 22 de dezembro de 2012

Samurai que não morre mais

Samurai que não morre mais.
Se confundiu com um haicai.
Se perdeu em três linhas.

Samurai que não morre mais.
Se perdeu com um haicai.
Se encontrou em três linhas.

Samurai que não morre mais.
Me confundiu com um haicai.

Me perdi em três linhas.

Ai, ai, ai.

Maira Garcia

Batuta

Quem te cata-liza, 
é maestro, 
dessa vida.

Maira Garcia

Teodoro de Sampa

Te adoro
 Teodoro de Sampa, 

do Sampaio.
Maira Garcia

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Dizem que seu nome é Sorte

A sorte de te encontrar,
é como a sorte nos pede no susto,
com planos de não fazer planos,
ser feliz a todo custo.

Gostou de seu nome, Sorte.
E te desejou toda sorte.
Te desejou feliz,
por muitos e muitos anos!

Assim sortido,
sorteado
por você,
num semi-breve instante de sua vida.

Amar sem saber no que vai dar,
é coragem e sorte.
A sorte de se encontrar,
foi deixada a própria sorte.

Encontrou agora e falou,
ficou forte, ficou bem.
Agora que falou,
a sorte pode até ir embora, também.

Encontrar a sorte,
fora de hora,
foi bom pra inspirar
e respirar com o melhor porte.

E já falou que foi
por pura,
púrpura
sorte,
que encontrou a sorte?

Sem ter realmente a tal,
foi no recriar,
que aprendeu à deriva,
que amar por amar,
se fazia a sorte escondida.

Agora, a sorte pode ir embora,
não se chora por alguém,
que fez tão bem,
que se deu sorte.

Não vai chorar,
está tudo bem,
não falou, que ficou forte?

Boa sorte, Sorte!
Sem você,
sem te ter,
mas sempre zen,
como tinha que ser,
pra nossa sorte,
que se foi,
e ainda na falta,
deixar o que ficou,
tudo bem.

Boa sorte.

Maira Garcia

Móbiles

Estamos suspensos onde não pensamos,
Aonde não acontece,
Flutuamos.

Maira Garcia

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Sabia?

Aquilo que começa termina,
a vida se encarrega
sábia de verdades,
do melhor jeito,
 sem que possamos impedir,
sem pedir licença,
sem educação,
vem e nos ensina,
sem tempo de chorar ou sorrir,
 nos dando a bença
 da dança,
 a dança que um dia termina.
Sabia?

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Caiu na rede é feixe!

Quem joga indireta na rede, 
pesca um monte de peixes, 
não devolvendo para o mar. 
Quem faz isso com os peixes , 
sabe navegar?

Maira Garcia

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O diploma

Uma carta colocada embaixo da porta, voou na primeira oportunidade pela cidade. Deu algumas voltas, caiu no rio, secou na barragem. 
Quando uma senhora apanhou e abriu o envelope, que já estava seco, concluiu em pensamento:
- A carta já chorou bastante. Não é que ficou um borrado interessante?
Vou guardar comigo, a dor de alguém que já passou.
E olhando pro céu, percebendo a chuva que ia cair, terminou o pensamento.
 - Vou ir embora antes da chuva, não quero perder este papel pra nenhuma enxurrada. Vou enquadrar, amanhã cedo, levo no vidraceiro. Quero lembrar desse dia para sempre, quando olhar pra minha parede!

Maira Garcia

domingo, 16 de dezembro de 2012

Apavora

Se abre num leque,
 na certeza de ganhar atenção. 
Assim meio moleque , nos apavora. 
É o pavão!

Maira Garcia

Pupila Branca que pode ver no escuro


Pupila branca, de se olhar de noite,
diz que vai ver o Sol.
Abre o olho que é a Lua!



Maira Garcia

sábado, 15 de dezembro de 2012

Projeção

Fui ver um filme,
um filme de mim mesma,
no escuro, na plateia
eu juro que vi você,
têmporas, cabelo e gentilezas.

Maira Garcia

Para Planta de Acordar deixar Planta Dorminhoca dormir.

Planta de Acordar,
espero que entenda.
Não é mais para tentar acordar
a Planta Dorminhoca,
por favor, compreenda!
Pois uma estória que não se conta,
por não existir, não se inventa,
e isso tem feito a senhora sua seiva,
se arrebentar por aqui.

Espero que entenda,
a plantinha mandou avisar
que já está que não se aguenta.

Não sei se você sabe,
mas isso de tentar acordar e acordar,
já fez ela chorar acordada.
Então deixe ela dormir sossegada.

Mas será que tem
Planta de Acordar na Mata Atlântica,
 a essa hora acordada?
Tem não! Isso é coisa inventada,
como toda essa questão enluarada!

E assim, o que a sua própria seiva aí pensou,
causou confusão, sem razão nenhuma de ser,
explique de uma vez por  todas,
a não situação, então.

A Planta Dorminhoca quer dormir em paz,
e explica que não gosta de confusão demais.
E se é de brincadeira, e alguém não creditou
ficou sério para alguém, e sério, fora de série ficou.

Transcrevi a carta enviada para o pombo-correio,
que trabalha no lobo frontal, do lado esquerdo do seu alheio,

Sem esquecer do respeito que as
plantas fundamentais nos pedem desde a criação das florestas,
para deixar a poluição mental de lado,
para o ar ficar melhorado.

Maira Garcia

PS: Esta poesia eu fiz inspirada  num(a) leitor(a) assíduo(a) de "Planta Dorminhoca", que nos visita em média uma vez por semana. Não sei de quem se trata, mas a frequência me fez chamá-lo(a) carinhosamente de Planta de Acordar. Algum motivo deve ter e foi assim que a inspiração veio.

Maira Garcia


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Está espetando.

 Se olhar muito uma agulha,
uma agulha no palheiro,
vira agulha de um palheiro inteiro.

Maira Garcia

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A lata encantada

A lata de cerveja perfumava o homem,
cujas sacolas aos kilos balançava,
sua meia era de espora,
encardida
de limpar a calçada
da sua sala.

Eu achava que bebia, mas não.
Levava arrastando, em cantos de oração,
as cervejas que você bebe,
fazendo delas,
a sua líquida
refeição.

Maira Garcia

Velozes e furiosos

Os dias correm,
 pra que a gente
 se encontre.

Maira Garcia

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Altar de quem não sabe amar, é fogo!

Queima uma vela pra Afrodite,
enquanto a outra escondida,
vai para o Prometeu,
que ninguém viu onde foi parar.

Maira Garcia

domingo, 9 de dezembro de 2012

Desencana que a vida engana, para Jota Erre.

Quando Jota Erre estava no meio do caminho do céu, um anjo cabeludo com visual parecido com o dele, pediu para ele parar:
-Epa, aonde o senhor pensa que vai?
-Senhor? Com a voz rouca e bem humorada de sempre, aguardou o anjo.
-Eu estou aqui com a sua ficha, e não posso adiantar alguns detalhes anotados em amarelo, que por razões pessoais, serão conversadas depois...
-Pera aí? Vai me dizer que eu não vou poder ir pro lado de lá, meu irmão?
-Esta observação faz parte do nosso treinamento, explicamos isso para todos nessa passagem...
-Vai me dizer... E com a cabeça baixa, pensando na possibilidade de ir para o inferno, onde dizem que a sonzeira rola solta, foi ficando murcho, até que o anjo se aproximou e puxou o locutor para um abraço, dizendo:
-Desencana que a vida engana, Jota Erre! A frase que você inventou e repetiu nas madrugadas do ABC e São Paulo, inspiraram muitos cabeludos, punks, carecas, darks, todas as tribos,tios e tias pelas ondas do rádio. O seu conselho ficou gravado na memória de muita gente e foi acionado em momentos que você não faz ideia! E assim o anjo foi mostrando pra ele como sua frase surgia na cabeça dos ouvintes. Uma rádio apareceu, e nos bastidores que ninguém vê, foi sendo abraçado por várias pessoas, que já tinha perdido a conta. Mas o anjo precisou interromper:
-Vamos Jota Erre, você nem percebeu, chegamos! Tem locução pra fazer e uma banda surpresa pediu para você apresentar o show deles. Pela sua ficha, eu sei que você não curte o som que eles faziam, mas aqui no céu todo mundo é irmão. Conhece os Mamonas Assassinas?


Maira Garcia

Aula de tango

O tango ensina tanto
 a amar
olhando,
por que as pessoas
não aprendem todas de uma
vez a dançar tango?

O tango ensina tanto
a amar
dançando,
por que as pessoas
não aprendem todas de uma
vez a dançar tango?

O tango ensina tanto
a amar
tocando,
por que as pessoas
não aprendem todas de uma
vez a dançar tango?

O tango ensina tanto
a amar de todos os cantos,
por que pessoas como eu,
não aprendem a dançar tango?

Maira Garcia
Para Jaciara, que conheci na sexta, antes do meu café sagrado com o Seu Kamal (que inspirou o conto "A saia da moça da Paraíba"). Ela sabe tudo sobre amor, me deu conselhos, sem saber se eu precisava. Me disse que está preparada para o quinto casório de sua vida, antes de completar 80 anos. Para os interessados, ela vai aos bailes da zona Sul de São Paulo e não adianta ser bom no xaveco, Jaciara é vidente!

sábado, 8 de dezembro de 2012

Bem-te-vi na TV

Hoje perdi um amigo que eu via passar,
aqui de cima, na árvore.
Eu que pensava que ser  Bem-te-vi
podia ser,
morri de estilingada.
Como vivo num desenho animado,
pra quem me vê,
amanhã,
me chacoalho de asas
 e nasço de novo.
Pode olhar,
olha eu lá!
Dá pra ver?
Estou voando pra valer,
depois que foi ligada
a tomada da TV.

Maira Garcia

Imagem de Felipe Pimenta  (Pitangus sulphuratus - bem-te-vi)


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Nadando de costas

Fazer de conta,
que nada consta,
se é nada o que se conta.

Maira Garcia

Tá na cara

Eu queria ter outra cor,
não por conta do Sol que sempre me queima,
mas do vermelho que sempre me pinta..

Maira Garcia

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Canta pra subir

Cantos, atabaques, fumaça, era chegada a hora tão esperada. Revestiu o corpo de um rapaz mais forte e moreno do que ele, e era o Vinicius de Moraes, e ninguém precisava me falar. Trazia a aura mais clara, e o assustado sinal da cruz que fez dentro do terreiro, não restava dúvidas, veio o poeta no seu feitio mais jovem. Foi me segurando pelas mãos e com o pretexto de acalmá-lo, aproveitei o transe dos demais e pegamos o caminho da rua. E fui puxando seu cavalo, que me acompanhava junto aos movimentos sinuosos do meu salto, até entrarmos no primeiro hotel que encontramos.
O tempo era curto, não sabia quantas horas usaria aquele corpo. Pediu um wiskie na recepção e subimos. Engoliu o comprimido azul que lhe ofereci, sorvendo sem pressa, e sem perguntar a razão.
E começamos a retirar as peças, que iam se esfacelando pela farra dos atritos, ora sincopada, e depois sem ritmo, se esvaindo num aperto desesperado de súplica. E aquela alma dos olhos dormidos, me fez a pergunta:
-É assim que a gente termina? E puxando o ar rasgado, em sufoco, me espera, até eu mudar o enredo.
-É meu caro. Hoje, o infinito é enquanto for duro.
E o poeta se despede, morrendo no meio das minhas pernas, pela segunda vez na vida.

Maira Garcia

Nozes

Não preciso ter você.
Já lhe tenho num lugar,
aonde você não cabe.
Aonde você não sabe.

     Maira Garcia

Amen-doa

Eu peço por você,
como quem doa,
e olha que às vezes dói.

     Maira Garcia

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

É agora que ele quebra tudo.

Hip hop, versos livres, prosa e poesia de muro. 
Só não fazia haicai, mas agora faz, e até no escuro!


Maira Garcia

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Moulage

Ler entrelinhas, costurando,
rente ao corpo, o tecido,
que estava despido.

Maira Garcia


Exame de vista, segundo os olhos de uma fadista.

Se você olhasse o que realmente importa,
o que eu, 
e quem te quer bem,
pode  ver,
você voltaria a ser,
um ser mais bonito.

Pois quando vejo seus olhos,
aqui de longe,
olhos inchados de dor,
que não sei de onde vem,
e nem de qual é a cor,
eu não minto,
é muita dor que eu vejo,
é dor demais que eu sinto.

Maira Garcia

sábado, 1 de dezembro de 2012

Dia 1 de dezembro deveria ser todo dia.

Hoje é o dia mundial de conscientização quanto as formas de prevenção do vírus HIV. Meu TCC na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, foi entregue em 1998, nele eu tentava explicar que o Dr Drauzio Varella mandava muito bem alertando sobre doenças sexualmente transmissíveis, falando como os jovens entendem, usando gírias, em vinhetas colocadas na grade da programação, durante o ano todo,  na rádio 89 FM. Dizia que o doutor falava muito melhor do que víamos nas campanhas institucionais do governo brasileiro da época. Usando gírias, de forma muito criativa, era ouvido pelo público jovem de São Paulo. Apontei neste trabalho de conclusão de curso, através de um levantamento de dados e pesquisas, que as campanhas do governo se expressavam de forma muito vaga para a população, usando a mesma linguagem para falar com todos os públicos, e eram ações feitas apenas perto do carnaval e verão. Passamos por vários governos, e a época de falar sobre prevenção, continua forte apenas nessa época quente. O Dr Dráuzio, durante aquele período, conversava comigo por telefone, pois já era bastante ocupado por diversas atividades junto ao exercício da medicina, bem como as ações de conscientização sobre  HIV. Não demorou muito, e tornou-se um dos maiores comunicadores sobre Saúde e outros temas nesse país, se estabeleceu como escritor e continua atuante, dando seus alertas sobre os comportamentos de risco da população na hora de fazer sexo. Enquanto isso, nós a população, que precisa ser lembrada sempre de se cuidar na hora do bem bão, continuamos, pela parte que toca o governo em nosso sexo, a assistir campanhas de prevenção sobre doenças sexualmente transmissíveis e HIV, apenas quando vem chegando o verão...

Maira Garcia

Cantar como quem ainda reza.

Tinha deixado de ser padre, mas ainda carregava suas orações no peito, e assim que deixou o mosteiro, a primeira cantada que soltou, diante da visão de uma mulher foi:
- Em nome do meu pai, deixa eu fazer um filho com você?


O homem que canta do mesmo
jeito toda mulher é um homem qualquer.

Anda luzes

Sapatearam,
sem sapatos,
até o amanhecer.

Maira Garcia