quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Se você for

Se você for
quem eu penso que você é,
observe como a vida breve urge.

E se você não for quem eu penso que você é,
e não sabe quem eu sou,
se eu não me engano,
assim como eu,
você se parece com muita gente
que ainda não se conheceu.

Algo meu
com seu eu,
fui sem mim

Borrando os olhos

No olho do furacão,
sem ter feito nada,
o palhaço sentou com a plateia
para esconder o choro e tentar risada.

Procurando um emprego

Depois de autenticar seu papel no cartório,
 o personagem foi em busca de um autor.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Relar
acionar
fogo.

Nas ventas

Creio em sincronia,
na palavra general quando não-militar,
no viés,
no chão e no vendaval
que sopra sussurrando
os limítrofes
espaços dos tímpanos,
empurrando o ar que soam os pífanos,
a girar lunetas que vão
marolando,
onde todo ser humano,
que queremos ver amando,
pode estar.

Não parece

Achar que tudo que acontece foi feito pra si,
 não parece, mas pode ser a pior tragédia que pode existir.

Nos passos de um bolero

Há quem espere uma vida inteira,
 alguém que lhe queira, 
mais do que apenas uma vez.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Espera até abrir a boca

O silêncio foi roubado por um ladrão de palavras,
 que ao abrir a boca, saiu em alto e bom som da cadeia.

Uma estrela no dedo

Aponte o dedo para uma estrela
 e meça do alto a distância entre a estrela e os seus problemas.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Estresse na mata

O estresse chegou na mata, quem é de fora não percebe,
a cigarra cantando o ano inteiro, pirilampos gaguejando,
muriçoca picando toda hora,
esquecendo que seu horário
 de chegar era sempre depois das seis horas.
Sapo cururu agora desaparece
na beira da enchente.
O estresse chegou na mata,
será que o homem branco ficou contente?
O velho índio ressabiado já dizia,
que o inferno vivia na casa
de um bicho chamado gente.

Com as palavras no peito

Sofia não dormia mais com Seu Divan,
largou tudo e foi embora com a tal da poesia escondida no sutiã.

Leminskisses

Repare bem no que não dizem,
se murmuram leminskisses.


domingo, 26 de janeiro de 2014

Lapsos

Deita os olhos no esquerdo de algum peito
encoste seu ouvido,
pois ali insistem
os lapsos sem defeito.



sábado, 25 de janeiro de 2014

Janelas e as telas

Esconder
e ficar atrás da janela, entre as
cortinas, espiando os passos, era engraçado!

Hoje o que passa são as telas,
que as janelas se modificaram.

As pessoas que ficam nelas,
desaparecem
no estalar dos dedos
e dos teclados.

As demandas de São Paulo

São Paulo é um santo, 
que não dá conta de tanto pedido,
quem não tem isso muito claro,
quando chega, fica perdido.

São Paulo de caso.

São Paulo é um caso típico de amor exigente, onde reclamamos, sofremos, mas não largamos.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Cada um em sua casa

Estou lendo um livro em casa
que conta que você também lê na sua,
um romance que diz,
que a gente,
pode ser feliz assim,
mesmo que a gente não dê em nada.

Fazendo trilha

Nuvens escuras desceram,
despiram o azul, o Sol fez sombra, 
e todos fingiram que subiram a serra.

Re-vidar

Preocupar-se com alguém é amar esse alguém do avesso. 
Vide o verso.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Três pedidos geniais

O gênio atendeu três pedidos dele, um grande amor, a riqueza e seu maior sonho. E foi assim que o gênio deixou o homem dormindo para sempre.

Um quarto de Sol

O Sol dormirá em um quarto do dia,
 mas só depois do horário de verão.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Para aquilo que eu gostaria de fazer

O poema que eu gostaria de fazer, 
não fala de mim e você.
É preciso que eu me distraia em quem passa, 
perdendo um bom tempo com a chuva
que cai na vidraça, 
sair da mesquinhez de te chamar,
enquanto o mundo lá fora acaba,
e o nosso amor sem teto vaza.

Da teimosia

A teimosia não é da mula, é de quem puxa sua charrua.

Na correria de um sonho

Quanto maior o sonho, mais caloria precisa ser queimada.

Saindo da caixa

Eu não tenho filho adolescente, não tenho loja, quase não vou em shopping, mas acho que a rebeldia um dia iria chegar para a gente amadurecer, que as coisas como estão não dão para ficar. As praças foram sumindo pela falta de segurança nos grandes centros, a internet é legal, mas o mundo real é mais. Um dia a gente teria que dar esse rolê, porque na caixa de sapato é que não dá mais para viver.

Atrás do sabor

O prato pagou a conta, quando chegou o kétchup e a mostarda na mesa, 
correu atrás do sabor, mas já era tarde demais.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Olhos vendados
ficaram assustados
diante de olhos vendidos,
que ouviam de boca calada
versos descobertos proibidos.

domingo, 19 de janeiro de 2014

O que não acontece

O que não acontece,
 faço arte, apronto e mostro,
 se for doce, dou um pedaço, 
desde criança 
que eu me desfaço assim.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Estórias com finais indefinidos, na maior parte das vezes não agradam a maioria, pois exigem que usemos nosso pensamento que caminha com nossas expectativas. Finais prontos e previsíveis, aplacam a ansiedade e narcotizam finais invariavelmente felizes, pois descansam o raciocínio, como quem ajuda a fechar o pano para as aflições da vida.

Onde é este lugar

Eu conheço este lugar,
mas eu não me lembro,
preciso do tempo
pra pensar.
Eu reconheço este lugar,
me lembrei e deixo estar.
Eu não me esqueço deste lugar,
me fez as contas o tempo.
Este lugar,
mora aqui dentro.

Registrando tempestade

Os raios batem fotografia,
flashs avisam sem piedade,
com riscos 
de riscar
geografia.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Da natureza humana

Ao esfregar as costas nas suas margens,
rompemos todas as barragens.
A tempestade tem a trilha sonora perfeita para pensar na vida, no instante que você não pode ir para lugar nenhum.

Prova de amor

História de Amor, 
matéria que nunca foi obrigatória, 
mas cai na prova de todo coração.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Como sai

A palavra sai fácil no ato, 
a palavra difícil faz um parto.

Vou fingir que não sinto

Sabe como é que é,
esse mundo aqui na rede,
 anda muito esquisito,
não dá pra tirar nem uma soneca!

Se vem uma indireta,
vou fazer como aquele poeta,
vou fingir que não sinto,
que não é comigo,
só aceito indireta,
quando for algo bem bonito.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Fique nesta tarde

A chuva desiste de cair,
 e o sol teimoso, fique aqui. 
O vento gargalha com as aves. 
Que esta tarde não se acabe.

Cerzidos

A ilusão é vestida de vestes rasgadas.
 A desilusão veste a sobra desses trapos,
 mas é a costureira dos despidos.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A saudade que não chega

Saudade chega de dia,
 da tarde não passa,
 chega a noite, 
e a saudade que não chega,
 passa o dia. (e me abraça )

O índio e o rio rindo

Índio imita homem branco,
 fazendo espelho de rio.
 Índio rindo do homem branco,
 em franco autoelogio.

De rolê

No império do consumo,
 falta de rumo e fé, 
basta um rolê, 
um tênis e a roupa x, 
e se descobre,
 sim, 
todos somos ralé.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Águas antes de março

O tempo fechou no céu de São Paulo.
Em reunião com ele,
Xangô,
São Pedro, Iansã e Santa Clara.
Estão planejando
qual será o novo caminho das águas.

Sem fechar os olhos

A lua sofre de dormente,
que de noite não dorme,
nem no quarto crescente.

O ingresso acabou

Queria na tela algo do Beto Brant,
fiquei na espera, o filme ainda não chegou.
Tentei assistir o Lars,
mas a cidade ninfomaníaca não deixou.

Na sala com Woody Allen,
acabei ficando assim,
entre ele e eu, seu clarinete,
e algumas gotas
de perfume de Jasmim.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Tão igual ficou diferente

De ver tudo tão igual,
de repente, te vi, tão diferente.
Não foi mal, foi como acontece,
todo dia, tão igual,
com tanta
gente.

Promoção!!

Várias imagens na rede, dão conta de inúmeros arco-iris nascendo antes da chuva, se eu fosse você ia até a janela agora. (Promoção válida até durarem os estoques de luz...)

Flechada

É certo que o sertão
sempre acerta
o coração.

Espetáculo

A chuva bateu forte no chão,
e se ouviu na terra, 
o primeiro aplauso, 
sem usar as mãos.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Setas que erram

Quem acredita ser um alvo,
diante de tanta seta,
sofre do mal da indireta.

Com a nossa cara

  No olhar tocado,
que se nota,
fermata.
Que se nota ...
e escancara,
numa piscadela,
que é tanto dela.

A escultura se
depara,
ainda intocada,
com a nossa cara.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Pintura

Pela tarde,
 os raios tomaram
 conta da sala.
 Enviesaram a tela
 da janela, e chamaram
 para ver a rua.
 O sol veio bem nos olhos,
 e segurei com as mãos.
 A tarde, que você não pode ver.
 fez pintura amanhecida
 de você.

domingo, 5 de janeiro de 2014

O bilhete

Levei alguns dias na bolsa
para perceber,
que não veio.

Me despedi sem precisar.
de quem nunca veio,
e não precisa mais chegar.

Doei a bolsa com um bilhete dentro,
tudo que eu queria te dizer,
e você não pode ouvir,
eu deixei lá.

De: alguém que nunca veio.
Para: alguém que não precisa mais chegar.


Retalho de mar

Sedas se rasgavam
 nos caminhos dos siris,
 camarões cerziam retalhos,
 com peças puídas,
 esfregadas no jasmim.


 Algodão na água salgada,
 que a pele em
  gordura, demaquilava.


 Tapetes plásticos,
 estapeados,
em peixes fétidos de céu.


 Mergulhei em marés cheias de mar.

 Foi durante as incertezas
 dos lixos que jogavam
 que mergulhei
 sem sequer me molhar

Entendimento

A desgraça é ocupada,
sempre tem o que fazer.
A graça não tem muito tempo,
mas procura entender
o tempo todo do tempo.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Pra não repetir de ano o coração

Amar, onde foi que eu errei,
que quem veio me colar,
me levou quem eu amei?

Amar, peço pra quem levou meu amor,
que não cole mais em mim,
que passe de ano,
e me esqueça na carteira,
e estude o amor em outros planos.

Que amor não tem aula, nem teoria,
que amor pra quem repete de ano,
também acontece,
que nessa escola,
não tem cola,
carece apenas de quem muito se conhece.

O bairro que eu mais gosto

Hoje fui no bairro que eu mais gosto em São Paulo, se era pra passar calor e tomar chuva, não encontraria melhor lugar na rua. No calor de 37 graus, fui resgatada pela amizade, a conversa na mesa da cozinha e o sorvete. Na despedida, torci para que chovesse apenas o suficiente, esqueceria o guarda-chuva, perdido na mochila, para fingir que no Ipiranga, existe tudo que eu mais gosto nessa vida, até cachoeira.

Só lágrimas

O sol nunca foi de chorar, mas faz chover.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Pedaços de nós

Ah! Lá se vão nossos laços,
 laceando pelo mundo,
e assim vamos voltando
ao início de tudo.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Antes de subir

São Paulo está em Santos, São Vicente não deixou ele subir, sem antes visitarem Iemanjá.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Mudança de ano

Na virada, o Ano quis trocar de artigo,
pediu pelos dias femininos.
Se o desejo do réveillon, for atendido,
o Ano vai se chamar Ana.