Há um Fernando
em cada Pessoa.
Há, isso há!
Um Mia,
uma Florbela,
um Trindade,
Carlos,
Maria,
Mandela.
Há um Fernando
em cada lapela,
folha, rascunho,
janela.
Em cada Pessoa,
de vez em quando,
há um Fernando.
Há isso há.
Poesia, textos e todas expressões que surgirem para partilhar, sempre depois que a Lua me tocar.
domingo, 30 de novembro de 2014
sábado, 29 de novembro de 2014
Insuportável
No trem, numa conversa pra todo mundo ouvir:
- Então a mina dele é insuportável?
- Insuportável e linda!
- O linda é um troço subjetivo que não dá pra
calcular ou resolver! Já o insuportável...
- Desistir? Eu não consigo esquecer ele!
- Esquece ele, antes que você fique insuportável. Lindamente insuportável,
como ela é, ele é, e você quer ficar também!
- Meu, você é incrível!
- Não sei se eu sou, você nunca quis ficar comigo.
Beijo de três estações de trem não deram conta, quem viu sentiu uma inveja insuportável.
- Então a mina dele é insuportável?
- Insuportável e linda!
- O linda é um troço subjetivo que não dá pra
calcular ou resolver! Já o insuportável...
- Desistir? Eu não consigo esquecer ele!
- Esquece ele, antes que você fique insuportável. Lindamente insuportável,
como ela é, ele é, e você quer ficar também!
- Meu, você é incrível!
- Não sei se eu sou, você nunca quis ficar comigo.
Beijo de três estações de trem não deram conta, quem viu sentiu uma inveja insuportável.
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Não foi sorte,
foi a chuva forte,
quem me deu um norte.
O mar não segurou,
corredeira tropeçou,
cachoeira engasgou,
barreira não segurou.
Quando fui ver,
não deu tempo.
Quando fui ver,
eu fui.
Fui sem nenhum
lamento.
Fui ver,
mas não deu tempo.
Eu fui.
Quando fui ver,
com tudo que fui,
com tudo que se foi
com tudo que flui.
Fui com tudo.
Contudo.
Não foi sorte,
foi a chuva forte
quem me deu um norte.
Com tudo que serei eu fui.
Sereia sobrevivi.
foi a chuva forte,
quem me deu um norte.
O mar não segurou,
corredeira tropeçou,
cachoeira engasgou,
barreira não segurou.
Quando fui ver,
não deu tempo.
Quando fui ver,
eu fui.
Fui sem nenhum
lamento.
Fui ver,
mas não deu tempo.
Eu fui.
Quando fui ver,
com tudo que fui,
com tudo que se foi
com tudo que flui.
Fui com tudo.
Contudo.
Não foi sorte,
foi a chuva forte
quem me deu um norte.
Com tudo que serei eu fui.
Sereia sobrevivi.
quarta-feira, 26 de novembro de 2014
A pauta é mais branca, pois precisamos
ter mais negros nos bancos.
Os anúncios são mais brancos,
pois precisamos ter mais negros nos
bancos.
As piadas são mais brancas,
precisamos ter mais negros nos bancos.
A beleza é mais branca, pois precisamos
ter mais negros nos bancos.
Um dia, eu sendo branca vou poder falar
e ser respeitada ao falar da causa negra,
sem precisar pedir licença.
ter mais negros nos bancos.
Os anúncios são mais brancos,
pois precisamos ter mais negros nos
bancos.
As piadas são mais brancas,
precisamos ter mais negros nos bancos.
A beleza é mais branca, pois precisamos
ter mais negros nos bancos.
Um dia, eu sendo branca vou poder falar
e ser respeitada ao falar da causa negra,
sem precisar pedir licença.
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Chinelança
Se todas as palavras
que eu te disse,
um dia
caíssem,
calçaria
você
para vir
até aqui
me ver,
pensei.
Só que as
palavras
me contaram
que as palavras
ditas por
você
iam em
outra direção.
E no dia que as palavras caíram,
não foi bem assim que aconteceu.
Num encanto
decisivo
formaram
um chinelo compreensivo,
e correram
atrás de mim.
Doeu.
Se todas as palavras
que eu te disse,
um dia
caíssem,
calçaria
você
para vir
até aqui
me ver,
pensei.
Só que as
palavras
me contaram
que as palavras
ditas por
você
iam em
outra direção.
E no dia que as palavras caíram,
não foi bem assim que aconteceu.
Num encanto
decisivo
formaram
um chinelo compreensivo,
e correram
atrás de mim.
Doeu.
- A vista
desejava
ficar
e o prédio
não deixou,
mandou fazer
outra vista.
Muitas vistas fizeram
as cidades.
A garantia de ver o por do Sol
a gente não tem como oferecer!
Disse o corretor de imóveis da sacada.
- Vou ficar com o apartamento,
a sua poesia me convenceu!
Onde assino?
Abraçou o corretor o comprador.
desejava
ficar
e o prédio
não deixou,
mandou fazer
outra vista.
Muitas vistas fizeram
as cidades.
A garantia de ver o por do Sol
a gente não tem como oferecer!
Disse o corretor de imóveis da sacada.
- Vou ficar com o apartamento,
a sua poesia me convenceu!
Onde assino?
Abraçou o corretor o comprador.
domingo, 23 de novembro de 2014
Menino sem cabeça
A lanterna vermelha do carro que foi na frente,
deixou um rastro na faixa de pedestre.
Logo em seguida,
do lado esquerdo,
vejo uma luz verde
cobrindo
a noite,
farol aberto,
o carro Palio prata para,
menino descoberto
encosta na porta,
suas mãos escorrem,
os dedos na janela chovem.
do lado esquerdo,
vejo uma luz verde
cobrindo
a noite,
farol aberto,
o carro Palio prata para,
menino descoberto
encosta na porta,
suas mãos escorrem,
os dedos na janela chovem.
Vestindo roupas
claras na pele quase escura,
ele encolhe,
mas estica a bermuda,
as meias, e os tênis dos pés
para ficar maior do que é,
e fica.
claras na pele quase escura,
ele encolhe,
mas estica a bermuda,
as meias, e os tênis dos pés
para ficar maior do que é,
e fica.
Esconde a cabeça na jaqueta.
Quem vê de longe vê
um menino sem cabeça.
um menino sem cabeça.
Não sei se o carro abre a porta,
se abre a janela,
se o menino assalta,
se a vida solta,
se ele ganha um lanche,
se ele ganha uma chance.
se abre a janela,
se o menino assalta,
se a vida solta,
se ele ganha um lanche,
se ele ganha uma chance.
O carro que eu estava
não pagou pra ver,
mas não esqueço
o menino sem cabeça,
e não adormeço
até que o dia amanheça.
não pagou pra ver,
mas não esqueço
o menino sem cabeça,
e não adormeço
até que o dia amanheça.
E eu não esqueço do
menino sem cabeça.
menino sem cabeça.
E a lanterna vermelha
deixa um rastro na despedida
do carro que fica.
deixa um rastro na despedida
do carro que fica.
E eu não esqueço,
do menino sem cabeça.
do menino sem cabeça.
sexta-feira, 21 de novembro de 2014
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
quarta-feira, 19 de novembro de 2014
Amor que não tapa buraco
é o melhor amor que existe.
Vem sem o compromisso
de apagar estragos,
e não desiste apenas de ser amor.
Recebe o respiro perfumado
da hortelã mastigada,
pra matar a sede com a água mais pura.
Amor que não tapa buraco
chega de banho tomado,
com vontade de despentear o cabelo,
com o pedido de esquecer a chapinha
e deixar tudo cacheado.
Eu quero um amor que não tapa buraco,
que o amor feinho, da Adélia Prado,
já está no meu carrinho.
Agora eu posso pedir um amor que não tapa buraco,
amor de quem não se importa mais de ficar sozinho.
Vem sem o compromisso
de apagar estragos,
e não desiste apenas de ser amor.
Recebe o respiro perfumado
da hortelã mastigada,
pra matar a sede com a água mais pura.
Amor que não tapa buraco
chega de banho tomado,
com vontade de despentear o cabelo,
com o pedido de esquecer a chapinha
e deixar tudo cacheado.
Eu quero um amor que não tapa buraco,
que o amor feinho, da Adélia Prado,
já está no meu carrinho.
Agora eu posso pedir um amor que não tapa buraco,
amor de quem não se importa mais de ficar sozinho.
sábado, 15 de novembro de 2014
Sou como o poeta,
que carrega um defeito no peito.
Bate em descompasso com o tempo.
Sofre de um amor desencontrado.
Quando aparece, já vem ocupado,
e quando se apresenta
não se reconhece
desde o começo.
Enquanto ele não conhece o amor,
não me conheço.
Ele se casa com a palavra,
eu me caso com o texto.
Sou como o poeta que carrega
um defeito no peito.
que carrega um defeito no peito.
Bate em descompasso com o tempo.
Sofre de um amor desencontrado.
Quando aparece, já vem ocupado,
e quando se apresenta
não se reconhece
desde o começo.
Enquanto ele não conhece o amor,
não me conheço.
Ele se casa com a palavra,
eu me caso com o texto.
Sou como o poeta que carrega
um defeito no peito.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
domingo, 9 de novembro de 2014
sábado, 8 de novembro de 2014
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Poetas não são santos
Poetas não são santos. Eu conheço uns que torcem para o Santos e estamos longe de ser. Sei que existem, eu conheci uma religiosa, consagrada por sua genialidade, simplicidade e humildade, e se disser o nome dela, pecaria contra a poetisa, pois pelo pouco que sei, não admitiria tal elogio, e assim guardo seu nome pra mim. Mas como disse, santos são poucos. Somos bem humanos, somos falíveis, danados até. Temos algo de muito perigoso dentro de nós, que para alguns causa prazer, outros dor, e outros poder, que é a capacidade de estar, e sentir como se fôssemos o outro. Estou agora a procurar poetas marginais de verdade. Penso em procura-los nos becos, nas prisões, nas casas das moças, preciso perceber todas as nuances para deixar de ter certeza que somos os escolhidos por algum dom ou marca especial de nascença. Já conheci poetas feiticeiros, de magia obscura e de cura, poetas videntes, mensageiros, grandes, pequenos e anões. Aceito indicações, mas poupem-me agora dos que já se foram, quero me arrepiar por hora com os que respiram.
O coração do bicho homem é indisciplinado, faz birra com o próximo
pra desocupar lugares ocupados. Acredita que se gostar de todo mundo,
o peito fica inchado. E aí chega o dia, que depois da vida lhe bater um bocado, o coração fica mais forte, expande, cabe todo mundo, e ainda sobra espaço, num coração que sofria da falta, porque vivia fartado.
pra desocupar lugares ocupados. Acredita que se gostar de todo mundo,
o peito fica inchado. E aí chega o dia, que depois da vida lhe bater um bocado, o coração fica mais forte, expande, cabe todo mundo, e ainda sobra espaço, num coração que sofria da falta, porque vivia fartado.
No ser humano, a rede não enreda, mas continua.
Usamos máscaras de mergulho onde todos usam,
mas se fazer entender aqui é muitas vezes pedregulho.
Nos perdemos nas frases por distração em meio a tantas imagens,
e por sufoco do próprio ego, bobagens.
Nos infantilizamos, voltamos muitos anos.
Tudo pede ser extremamente rápido.
Estamos reaprendendo a digerir a informação.
Na velocidade da intenção, perdemos a voz.
Esbarramos uns nos outros, ois, olás, nos falamos depois.
É enfático o contato simpático.
A educação no html se perde, não se conhece,
e carecemos quase todos de algo tático,
prático. Passa um mês, um ano, não nos encontramos
Usamos máscaras de mergulho onde todos usam,
mas se fazer entender aqui é muitas vezes pedregulho.
Nos perdemos nas frases por distração em meio a tantas imagens,
e por sufoco do próprio ego, bobagens.
Nos infantilizamos, voltamos muitos anos.
Tudo pede ser extremamente rápido.
Estamos reaprendendo a digerir a informação.
Na velocidade da intenção, perdemos a voz.
Esbarramos uns nos outros, ois, olás, nos falamos depois.
É enfático o contato simpático.
A educação no html se perde, não se conhece,
e carecemos quase todos de algo tático,
prático. Passa um mês, um ano, não nos encontramos
Retomei as esperanças,
vou colocar uma fita de um bom fim e amarrar no pulso,
com a possibilidade de reencontrar
pessoas queridas do percurso que o destempo
por aqui coloca na dança.
Vou me encontrar com elas,
vou me dar este presente,
não vou esperar a fitinha arrebentar,
espero poder vê-las, muito em breve,
depois do dia das crianças.
vou colocar uma fita de um bom fim e amarrar no pulso,
com a possibilidade de reencontrar
pessoas queridas do percurso que o destempo
por aqui coloca na dança.
Vou me encontrar com elas,
vou me dar este presente,
não vou esperar a fitinha arrebentar,
espero poder vê-las, muito em breve,
depois do dia das crianças.
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