quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

São Paulo quando apaixona a gente,
faz enchente,
provoca sede,
e molha o sapato.
Diante de uma recusa,
o amor recolhe as partes envolvidas,
guarda a história no coração e recomeça,
tudo de novo, do velho jeito 
que o destino resolve.
O amor pede encarecidamente
que o livre arbítrio colabore.


Sua presença de espírito é muito importante.
Meia boca,
estrelas atrás da língua,
sapato furado,
meia molhada,
meia lua míngua.

aniversariar

Aniver
sariar,
uni
verso
con
versar,
passa
de ano
quem
passar
comigo.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Microfone no céu,
pingos cantarão
aos cântaros.

Hoje

Hoje eu ganhei um beijo,
a chuva, uma mordida,
um bagaço da uva,
água de moringa.
Hoje ganhei uma picada de formiga,
o perfume mais gostoso de graça,
um prato de comida.
Hoje ganhei na loteria um abraço
de alguém que eu não via há muitos anos.
Hoje eu ganhei um amigo e
uma amiga. Meu time perdeu,
mas eu não ligo.
Hoje eu ganhei cedês que ninguém ouvia,
e eram os meus preferidos.
Hoje ganhei uma dor de barriga
e um arrepio na espinha.
Hoje eu ganhei mais problemas que
ontem porque é o preço de hoje.
Hoje você pode nunca mais voltar,
eu ter um pesadelo difícil de acordar,
uma topada de quebrar o salto
de um sapato que eu nunca usei.
Hoje eu ganhei, mas perdi também.
Hoje eu sei.
Estou viva.
Carona é camarote.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Perdoar é entender,
pois esquecer não dá
pra esquecer.
Para que o desejo seja um meio
e não um
FIM.
Seja livre.
Acabou o horário de verão,
começou a hora de ver
o
sono 
se refazer.
Guerra
é o
desaforo que interessa,
a falta
do que se fez
de
uma
conversa.
Há algumas vagas
entre os vagalumes,
lamparinas se candidataram,
velas, faróis e luminárias.
Paga-se bem para trazer a luz
na escuridão de alguém.
Coração desocupado,
sobra espaço.
Há muito tempo que não chega notícia,
foi ter com a polícia 
pra saber
quem roubou
seu 
coração.
O cabelo branco,
passagem paga do tempo,
mas apagamos.
Leva um tempo em branco
para cedermos as tintas
do tempo.
O meu amor se foi do Grajaú,
e foi de trem.
Levou a mala,
e meu coração na cuia
também.
Eu peguei a estrada.
andei a pé,
peguei a balsa que vai
até a ilha do Bororé,
pra ver se a dor caía na água.
Vi que a dor na represa,
represava,
e que minha dor
era nada.
Fiquei mais alegre,
no Bororé 
fiquei leve,
no Grajaú
do lado de cá.
Hoje ele mora no Centro,
estou bem aqui dentro,
ele não precisa mais voltar.
Se a coluna entorta,
dobra o olho,
perde o foco.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Antes que a chuva caia,
saia rodada levanta
do chão.
Desnuda o tempo,
e o vento
faz música.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A boca elabora,
labora saliva,
fala, engole,
morde,
mastiga.
O lábio
surpreende,
assustado,
abre.
A boca reage.
Terminal Bandeiras dando bandeira sem bandeira.
Hoje, no almoço, ouvi uma mulher dizer eu te amo, 
ao celular, com o frescor dos primeiros anos. 

Não resisti e perguntei, já tinham se passado trinta e três.
Caminha bem perto das águas,
na espera de uma garrafa jogada.
Dentro dela uma carta,
de um amor afogado.
A carta desponta,
que sobreviveu o homem,
numa ilha,
em seu barraco.
A acreditar que o
amor ressuscita
num barco.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O amor sempre acerta,
ele que é a casa própria,
poesia concreta.
É proibido estacionar,
a árvore fingiu que não viu,
o guarda deixou como está.
A natureza é isenta de multa.
Na quebrada,
a laje,
a garagem
do céu.
Voltei ao chão do Clube, confetes juntados, não prestava recolher e jogar, mas criança adora. As mesas grandes, pessoas enormes. Parecia que a banda repetia sempre a mesma canção. Música de gente grande, o coração pequenininho. Toda hora tinha alguém perdido, mesmo de mãos dadas, desesperados, grito surdo de susto com a mãe e o pai. Carnaval, uma festa gigante, e a gente, miudezas recém chegadas no mundo, serpentinas dos que ainda virão.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Se eu gosto de um poema
eu leio de todo jeito,
frente e verso,
com
respeito e despeito.
De baixo pra cima,
de cima pra baixo.
Leitura corrida,
escorrida,
lenta, dormida,
ao contrário.
Se eu gosto de um poema,
eu leio,
monto, desmonto,
caio, levanto.
Esvazio e me farto.
Me alimento,
me perco nele,
e encontro um pretexto
para sair do mesmo lugar,
ir embora agora,
e na mesma hora voltar.
No coletivo,
é apertado por descaso,
aí tem a hora do barraco.
Tem a hora de passar do ponto,
do assédio. 
Do desespero.
E tem o afago,
dar lugar pra quem precisa,
tem quem vende e quem oferece comida.
No coletivo,
é apertado por descaso.
Autoridade não sabe.
Vai de carro.
Dia escurece,
o Sol se esconde,
tropeça na nuvem
e empurra.
Cai a chuva.
Não devolva o mal,
mal educado,
sem noção do que é
certo e errado,
ele volta.
Esqueça o mal
em algum lugar,
onde o bem
lhe reconheça.
O melhor lugar é no passado.
Lá, vai passar bem,
o mal educado.
agora é aguardar a água

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Eu sinto falta da sua água,
e o calor que faz
me resseca,
quase me mata.

Árvore

Desconversar


Desconversar,
distrair quem ouve,
pra ver se convence,
o que não houve,
e não se sabe
bem o que.
Pra desconversar,
sem que se perceba,
é preciso dominar
o Português,
com maneiras e trejeitos
que nem ele tem.
Quem desconversa
precisa ter a maestria,
que a conversa
é sábia,e já sabia,
o que realmente
interessa emudecer.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Uma peça na sala do céu,
que a gente olha,
e desconversa.
A Lua.
O que fizerem
do que você fez
não é mais seu.
E o que disserem
da sua fala,
pode ser
que venha
a ser poesia.
Já aconteceu de eu dizer que era poeta,
e a pessoa estranhar, e não poetisa?
De estranhar o nome,
e depois desviar
com medo na rua.
Eu não ligo ,
também já fiz isso comigo,
mas depois parei.
Me encontrei.
Um dia passa a vergonha,
de confessar
que também sonha.
A janela é atrevimento do cimento.
Um mundo fora,
e outro dentro.
O bafo do asfalto,
a falta de árvore.
Ave.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Escreva, mas escreva até
a ponta do lápis riscar o papel,
a caneta perder a cor,
o teclado perder a tecla,
e a voz precisar das mãos
pra se fazer entender.
Escreva, até você atingir sua seta.
E que ela seja feita de amor.
E pra quem ela acerta,
a palavra dada seja uma oferenda,
pois errada,
é dardo, é veneno
pra quem
não 
está
entendendo.
A casa
pintada de azul,
vai geminada,
vizinha
do céu.