sábado, 30 de janeiro de 2016

As histórias quando terminam, terminam antes da última página. O fim está lá esperando o que já é sabido pelas palavras.
Imitei o poeta
que observava
borboletas,

que imitava a natureza,
que imitava a criança,
que imitava quem
imitava borboletas,

 tanto que voava.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Ando meio diferente,
mas o coração anda batendo
 do mesmo jeito.

Ando meio diferente,
e o tempo anda o mesmo.

E você, que ainda não apareceu?

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A chuva se resguarda,
toma uma fresca,
espera e deságua.
um fio de baba,
um fio de navalha
um fio de cabelo
um fio de seda
um fio de eletricidade
um fio de esperança
uma linha a ser escrita

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

ESTUDOS LUSÓFONOS: Poetas não se morrem mais

Convido vocês a verem o presente que eu ganhei do poeta e professor da Sorbonne, Leonardo Tonus, que editou em seu blog alguns poemas que fiz com fotografias minhas. Aproveitem e conheçam o blog que é uma homenagem a nossa Língua Portuguesa. Viva a poesia!!!

ESTUDOS LUSÓFONOS: Poetas não se morrem mais: A palhaça na Paulista (atriz Priscilla Amaral) Poetas não se morrem mais Maíra Garcia Poetas, vivem de todas as formas ...

sábado, 23 de janeiro de 2016

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Não há sombras de cabelos,

 há cílios,
 sobrancelhas,

 e sua ausência é tão bonita.
A humildade é uma palavra importante, mas a humildade que é a humildade não sabe.
Esquisitos todos somos em algum lugar do corpo da alma, que é um gracejo do criador para fazer o mundo um lugar cheio de graça.

Na verdade,

são os traços estranhos à normalidade apregoada que nos fazem mais humanos.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Eclipse de beijar
de olhos fechados,
sem saber
 se somos namorados
Adoecer faz dar-se conta das contas do fundo do mar, 
revoltar-se é perder-se nas ondas e se afogar.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

domingo, 17 de janeiro de 2016

É quando menos se espera que o amor aparece, e conselho de vó é neto ir arrumado até na padaria, por alguma razão de ser, assim, numa volta com o visual no lugar mais distraído, o amor pousa. E o amor vai pousar com o peso descalibrado, com a barba por fazer, e ainda bem que foi assim, com o corte do cabelo com falhas, a roupa descombinada, que agora está na moda, com o dread vermelho por fazer, o piercing pedindo uma troca, a espinha colorida, a falta de depilação nas pernas, o perfume forte, a conversa atrapalhada, passar o número errado. O amor pousa sem avisar, e como ele, muitas vezes é cego, talvez o conselho da vó não surta efeito, mas ela na verdade falava de autoestima, pois se você não acreditar que merece o amor, o amor não pousa e mais uma vez vai embora.
E na falta de inspiração
 eu respiro,
entre um suspiro e outro
um branco, 
um quadro negro,
um retiro, uma busca na escuridão,
um pedaço de papel de pão, 
uma caneta,
um teclado, um vão, um som
e a palavra vem.
Eu quero um mundo cheio desses intervalos que remetem ao silêncio.

Poesia

sábado, 16 de janeiro de 2016

Esperando a chuva que não cai,
os olhos não tiram o olho das nuvens formadas que saíram do forno.
Na passagem do trem toca uma música,  na saída do carro da plataforma, privilégio de algumas regiões e cidades. É som de triângulo, a percussão, o trem é a sanfona, e se tiver espaço, os passageiros dançam.
Palavras buscam o acento em desuso,
chapéu elegante que cumprimentavam
os transeuntes, nos armários dos velhos dicionários.
Asa delta das palavras
antigas, que sem acento,
um lugar para sentar no papel,
seguem nuas, desprovidas,
sem guarda-chuvas,
cheias de mágoas
num novo tempo.

- O acordo ortográfico nunca nos consultou!
Disseram ao prantos.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Era uma inesperada vez,
que um bem-te-vi deixou de voar
por não poder mais ver.
Ele canta, ele pia, ele bem diz o que não vê.
Bem te vi, bem te vi.
Que voa pisando no chão.
Eu levo o Sol 
num quadro 
para ver nos dias de chuva.
É pra memória não ter dúvidas.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

E o rato espiava a casa, percebia as entradas, as fendas na parede, as escadas. Morar ali, até que não seria nada mal, o falatório da família impediria de ouvirem seus iques-iques, nem notariam sua presença delicada. Ficaria velhinho, não morreria envenenado, pois não saberiam dele, que mudaria solteiro para dentro daquele telhado. Sua ex-rata lhe expulsou da velha casa. Sozinho, sempre invisível, ainda mais que os donos da nova casa eram míopes e dentro dela não usavam óculos. Ali ele seria um senhor rato rei!
Frente fria no verão
é rebeldia sudestina.
A chuva cai contrariada,
gélida, pra ficar dentro de casa.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

domingo, 10 de janeiro de 2016

As migalhas se espalham
com a toalha que chacoalha,
elas que já foram pão,
alimentam os pássaros
 desavisados que se assustam
com a iguaria quando chega ao chão.

Pedaços ínfimos saciam a fome
também em pequeninos bicos.

sábado, 9 de janeiro de 2016

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Quebrantado de ovos,
cai a gema, a clara fica na casca,
só resta entregá-la à farinha
e fazer um bolo dos
dois que se separavam.

O bolo pronto a ser descoberto com recheios de dentro das vontades de
ser doce-de-leite.
A cobrir-se de delicadezas,
polvilhado de estilhaços açucarados
no prato sobre a mesa.
O Sol se esconde atrás da Terra,
é noite na frente dela.
O corpo espera pelo verão,
mas desespera.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Um livro sem orelha não ouvia nada.
Um livro sem prefácio achava tudo mais difícil.
Um livro sem capa ficou pelado.
Um livro sem capítulos queria tudo organizado.
Um livro sem graça esperava sempre que alguém o pegasse, mas era enfeite de vitrine.
Um livro comido pelas traças, trazia pedaços do mundo vivos dentro dele.
Um livro alérgico vivia mofado.
Um livro amassado vivia se amassando com outros livros.

Um livro
Um livro
Um livro

domingo, 3 de janeiro de 2016

Escrevo na tentativa de acertar,
mas é quando eu erro que faço um poema.
Janeiro recém-surgido, caiu nos braços das pessoas. Janeirinhos devidamente distribuídos na espera de juízo.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Eu subi, o chão ficou longe, trepidava os claque-claque, eu segurava um toquinho, o bicho andava um pouquinho. O medo grande, levou uns bons minutos para eu esquecer que precisava confiar. Lembrei da fé que a vida tem de levar, em cima de um cavalo.