segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Sinto falta do Bem-te-vi,
sabe lá onde foi parar,
procurei e não ouvi.
    Ele é uma canção dos Beatles, que remete ao passado e ao futuro.
    Quando o conheci, besouros tocaram no meu coração, deu vontade de rir das cócegas do vão que fica depois que o amor morde você dentro de um vagão do metrô. A gente falava de horizonte, ninguém falava sério. Dezesseis anos. Passou num piscar de olhos. Ele era a canção mais bonita dos Beatles. Ele parecia o Paul, eu sonhava com o John, mas um dia gostei dele e os besouros vieram hoje me lembrar.
E se eu disser que a dor que se vê por aí
É a dor de vivir.

Em outra língua
A gente parece outro existir.

se o poeta fingiu na mesma língua
É bobagem o que eu disse acima,
tem a mesma dor

na altura do braço a íngua,
O mesmo Lácio

embaixo do equador.

domingo, 29 de novembro de 2015

Samba do desencanto
Nunca desejei que me amasse,
sem amar, amassou-me por dentro.
Marmoraria de sentimentos,
rompimentos nas batidas do vento,
três toques na madeira,
toque,
toque,
toque.
O desencanto foi feito,
sentimento em cada canto
dos lugares que você veio.
Passou, você ficou mais bonito do que feio.
Humanizado em tempestade de carrara,
espero que venha um amor
com a sua cara.
E quando poeta pensa
 ler algo que nunca foi dito,
 o silêncio da ilusão
toma todas as contas.

E num arroubo iludido,
alimentar-se das palavras soltas.

É certo que quase tudo foi dito,
mas a nova demão
 sempre nos assombra.

Não é ciúmes o que nos toma,
é paixão pelas palavras grafadas
em outras mãos.

É desejo de apertá-las então.

sábado, 28 de novembro de 2015

A mata quase atlântica antes da chuva oceânica, perto da serra mecânica.
Portão, garagem, árvore, jardim, portão, portão, bar, garagem, garagem, igreja, portão, garagem, portão, portão, portão, garagem, portão, portão, portão.
Barracão.
Chegamos.

ainda querendo ser
pra o que a gente serve, 

muito ainda a aprender
nessa vida breve.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Maquilagem
Aos olhos tristes, ficou combinado que começaria a pintá-los, existe beleza como são, mas cansa responder pelo inchaço, quem nasce com os olhos rasgados que intentam em descer um bocado, um kajal, um delineador são obrigados a entreter, a entre-ter.
A siesta deveria ser obrigatória,
uma hora pra dormir,
depois do almoço
seria a glória.
Nada de café para acordar,
apenas um pouco de água
nos pulsos, nas mãos, na boca
e na cara.
Siesta, sonho de consumo,
quem sabe um dia o mundo
muda o rumo?

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Eu vi a morte nos olhos,

muerte? suerte?

Eu cumprimentei.

Eu chorei.

Ela foi embora.

Não era hora.

Veio pra refrescar a memória.

Depois esqueci do compromisso,
todo mundo faz isso.

A morte não é só despedida
pra quem fica.

É a vida à deriva
esperando o bote
de salva-vidas.
Eu risquei na parede o nome que não dorme. Era de um homem que não conheço. Não sei seu fim, nem seu começo. Não sei o timbre da voz, não conheço seu cheiro. Não sei da pele a cor, nem o cabelo. Ele parece que existe, a partir do instante em que conhecê-lo. Antes é um novelo, uma calça andante, um sapato galopante nas calçadas das casas, um homem com asas tão fortes, que por sorte faz desmaiar as menos avisadas. É humano, erra, sonha, berra e em algum lugar da história me ama.
O dia coberto de razão,
deixou o Sol de lado.
Vai dormir de conchinha com o vento.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A licença poética
concede a dança?

Ela criança
a lutar de esgrima
 contra as implicâncias.

Vai deixar
a língua burra
falar com a culta,
e juntas terminarem
 a dança.
Mauá amo,

que mal há
quando passo
e não fico,
mas volto
pelo carinho?
Dance dance dance
em português
e inglês.

É nóis, ciamo noi em paulistês
Eu me queixei da tristeza,

fiquei com o queixo caído,

Reclamei da tristeza,

a mandíbula ficou dolorida.

Não entendi a tristeza 

o ouvido que ouvia ficou doído .
a tristeza ficou sentida,

onde já se viu deixar de fazer poesia
Sem ela?
é nela que se esconde a tal felicidade.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

O Sol que tentava beijar a Lua,
vaporizou vontade na boca,
deu um friozinho na coluna do céu.
Desceu
neblina.

domingo, 22 de novembro de 2015

Amar as pessoas
sem tê-las
sem vê-las

 entregar as imagens
e assim fazê-las
 e assim fazê-las.

O olho acolhe o que o amor recolhe,

 e santifica no peito
no olho direito
no olho esquerdo.

Envesgo na visão que não tenho,
mas sem os olhos,

Cerrados

 imagino
o que seja.

O que não vejo
o que não conheço
 o que se deseja.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Para A L que gosta tanto de aviões

Ave
que não sabe
 voar,

aves não
deixam partir.

sabendo
 da quebra
que leva o existir

E assim reserva o que não sabe subir,
não sabe descer.

Para aves que andam na Terra.

(a casca do ovo em
 conserva)

E a nave
que voa
no automático

Naves que partem os olhos que não alcançam
o mundo estático

a sumir

ao saber-se despedida


preservam

naves que dão voltas na Terra

Que esperam às avessas

depois de

tantas esperas
a esfera

da esperança


quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Histórias num vento de motor suspenso,


As hélices que cortam o vento
 instrumentos
a dilacerar
o pulso do tempo.

O sentimento
é instrumento.

A sentir a semelhança
apenas quando puxa pelo cordão,
muito rente
na altura do umbigo
adoecido,
parecido com a gente.

O humano,
este desconhecido.

como
Sempre.