Poesia, textos e todas expressões que surgirem para partilhar, sempre depois que a Lua me tocar.
quarta-feira, 30 de março de 2022
terça-feira, 29 de março de 2022
segunda-feira, 28 de março de 2022
domingo, 27 de março de 2022
Para Ricardo Palmieri
O homem fazia gaiola,
dessas que os pássaros
assistem o mundo do lado
de dentro com gravetos.
Um dia chegou um violeiro
e disse pra ele deixar a gaiola de lado:
"Faça viola!"
E assim o homem fez.
E os pássaros invadiram
sua oficina na hora de testar as cordas.
24 de março de 2019, postado em outra plataforma.
quinta-feira, 24 de março de 2022
Os piores dias pra dizer eu te amo,
pensei que não existissem.
É que há mais de 100 anos
não se sabia
desses dias por aqui.
Dias que ficarão na história
como dias de não sorrir.
Mas antes de chegar esses dias
deu pressa de falar:
eu te amo
Porque não sabia se teria outro dia,
nem um coração.
24 de março de 2021, postado em outra plataforma na mesma data.
Quando as palavras me feriram:
Fui buscá-las nos olhos de um mendigo
que juntava folhas que encontrava
em textos aparentemente sem sentido.
Não soube me responder seu nome
mas disse que eu e ele
e todo mundo some
Que uma sua saudade de não sei de que enorme
não tem sobrenome
que as palavras ajudam a saber que ele é um homem
que sentindo fome
não tendo o que comer
lê no papel o nome da comida
e sentindo fome de mulher
come uma folha de revista
21 de março de 2017, postado em outra plataforma na mesma data.
quarta-feira, 23 de março de 2022
terça-feira, 22 de março de 2022
segunda-feira, 21 de março de 2022
domingo, 20 de março de 2022
sábado, 19 de março de 2022
Em Monte Carmelo
passam mineiros
com suas carroças.
O lugarejo é de passagem.
O comércio para servi-los.
Quando se vão
os montecarmelenses
não usam o tchau,
até breve,
perguntam:
"Você volta?
Um dia se o ouro acabar
a cidade desaparece.
Mas acordei hoje
com a notícia que
o ouro acabou.
Não vi mais as carroças,
vi pessoas nas suas casas,
dentro da matriz,
pelo comércio,
passando com os carros.
A gente nunca sabe do destino,
nem o que será do ouro,
nem se volta.
19 de março de 2020, postado em outra plataforma
sexta-feira, 18 de março de 2022
Ele foi criado pra ser um cachorro bravo,
mas fracassou,vocação interrompida,
com feição de quem
quer sempre comida,
foi convidado pra passear sem volta.
Mas parado parecia um cão bravo.
Foi então que uma casa
que nunca é alugada precisava de um cachorro ator,
que parado parecia um cão bravo,
e naquela casa ele ficou.
Mas bastava uma pessoa encostar no portão
que a cara do bicho atravessava,
o olhar de piedade aparecia,
aquela cara feliz como quem ganha comida.
Foi um dia desses que ninguém
acredita que apareceu gente
pra alugar a casa,
o locatário foi buscar o cachorro,
o inquilino disse que só alugava
com o bicho junto.
E o cão fechou o negócio.
18 de março de 2019, postado na mesma data em outra plataforma digital.
DITA
Qualquer poema bom provém do amor
narcíseo. Sei bem do que estou falando
e os faço eu mesmo, pondo à orelha a flor
da pele da palavras, justo quando
assino os heterônimos famosos:
Catulo, Caetano, Safo ou Fernando.
Falo por todos. Somos fabulosos
por sermos enquanto nos desejando.
Beijando o espelho d’água da linguagem,
jamais tivemos mesmo outra mensagem,
jamais adivinhando se a arte imita
a vida ou se a incita ou se é bobagem:
desejarmo-nos é a nossa desdita,
pedindo-nos demais que seja dita.
Antonio Cícero
quarta-feira, 16 de março de 2022
terça-feira, 15 de março de 2022
No começo a onda levou muita gente.
Recolhia num movimento desconcertante.
Adaptados dessas águas,
veio a guerra,
não que a Terra não tivesse outras,
como a das ondas,
mas uma do tamanho que podia correr o mundo.
Aí vieram os pássaros
para distrair os que guerreiam,
a mostrar como fogem
diante do perigo.
O recuo contínuo
para manter e criar novas rotas,
avançar e voltar fugindo
das bombas.
A dispersão das aves têm o quantum que ensina a saída.
Basta olhar para o céu.
domingo, 13 de março de 2022
Se leio Florbela
não escrevo,
se leio Drummond
não escrevo,
se leio Adélia
não escrevo,
se leio Bishop
não escrevo,
se leio Wislawa
não escrevo,
se leio Bandeira
não escrevo,
se leio Coralina
não escrevo,
se leio Carolina
não escrevo,
se leio Clarice
não escrevo,
se leio Quintana
não escrevo,
se leio Rosalía
não escrevo,
se leio Pessoa
não escrevo,
se leio Emily
não escrevo,
não escrevo,
não escrevo.
Eu leio.
13 de março de 2018, postado em outra plataforma nesta data
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