domingo, 14 de setembro de 2014

O blog Depois da Lua de Ontem, está de férias.
Quase tudo que eu postar até Dezembro no face, selecionarei entre os 1585
textos criados desde julho de 2011.
Exceção aos contos e alguns poemas de emergência da Lua do dia.

Agradeço quem curte nas redes, quem lê e compartilha,

quem divulga, como a página Libertária, e quem venho
conhecendo através dos versos. Fica o convite para ler
 e reler, visitar, compartilhar, aqui no blog que se chama
Depois da Lua de ontem, lugar mais conhecido como hoje.

Basta um sorriso,
e a ruga se explica,
se desculpa
de um mundo
que não quer ver,
se desnuda,
fica explícita,
a ruga mais bonita.



Corações dormentes também acordam com versos. Esperançemos.

É só letrar as pedras do caminho. As vogais são consoantes com a vida.

sábado, 13 de setembro de 2014

Em um simples movimento, 
entramos num concerto,
onde podemos trocar
"c" pelo "s", em todo tempo.


(Que todo movimento tenha um concerto e um conserto)
De costas nos parecemos mais do que de frente, 
de costas confundimos muita gente.
Itamar deve ser estar bem
no lugar onde todo mundo é star.

Juntadores

Hoje, dia lotado de casamentos, um encontro inusitado, entre o sagrado e o profano:
- Eu já estou de saco cheio mesmo!
Reclamou o cupido.
- E qual o motivo, amigo?
- Eu tenho custos, estas flechas custam os olhos das minhas asas!
- Mas trabalhamos de graça! Não faz sentido sua queixa!
- Santo Antonio, nosso trabalho é voluntário, mas você se desdobra para atender as preces, fica 24 horas de prontidão... Atende outras demandas, além do coração. 

Fazemos um trabalho tão bonito, mas nunca nos chamam para festa!
Os melhores mestres
 são amostras.
A minha alma
é negra
é alva 
é ruiva,
e uiva pela sua volta.
- É o fim do mundo falar do fim do mundo! 
Falou o muito zangado mundo: 
- Desde que o mundo é mundo, 
ouço as pessoas falarem isso de mim, 
e as pessoas sempre vão para outro mundo, 
e eu continuo aqui!

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Antes de dormir

- Velha, eu nem acredito que o nosso amor durou todos esses anos!
- O que te faz pensar isso agora?
- Eu tinha a impressão, bem no começo, que você não gostava de mim,
tinha um olhar de desprezo, que me doía tudo.
- Pois eu vou contar pro senhor, que nunca me perguntou uma coisa dessas e resolveu fazer perto das nossas bodas...
- Desembucha!
- Agora eu posso dizer que a cada despedida, tinha uma certeza esquisita que a próxima vez não teria. Meu amor por você, precisava começar e acabar no mesmo dia e voltar a nascer no outro.
E a cidade que dorme olha para o teto, ouve na cama as cigarras, as crianças que brincam na rua depois das dez da noite, o apito do guarda, o ônibus passando. Os moradores da casa se abraçam como quem laceia para soltar e buscar sempre de volta. Apagam a luz.
Boa noite.
Não adianta apagar a luz depois que se desperta.
É a criança, o velho e seus mistérios, 
a mulher na companhia de frente no ventre, 
e o que mais não se compreende.
O vento que desobedece os pelos
e apelos da pele.
E vamos achando graça
enquanto o tempo sem tempo passa.




Nas ventas de um incêndio compêndio silêncio.

Terminal Bandeiras dando bandeira sem bandeira.


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Pratos sujos

Prato da massa da pasta feita ao molho de ingredientes orgânicos.

Deixa no chão a esfriar do calor,
mas serve morno nos pés
sugados aos dedos dos fios,
que escorrem na direção dos joelhos.

O molho que molha olha o sexo
das coxas-bundas-cinturas,
umbigo-barriga,
mamilos,
pescoço-axilas,
música de ouvido,
arrepios na boca
de limpar as mãos nos cabelos.

É hora de lavar a louça,
carrega no colo os pelos até o chuveiro,
mas deixa os pratos secarem na cama.




travesseira

Poesia é travessa
tra
vê                    
sa
 travesseira travessia.

Em segundos

Em um segundo paramos na Lua
 com a ponta do dedo.
Para chegar no Sol em segundos
 usamos os dedos nos olhos primeiro.

Na Terra, 
neste exato segundo, 
nós que pensamos
enquanto seres primeiros, 
somos terceiros.

domingo, 7 de setembro de 2014

Você que nunca foi,
não precisa ficar assim,
pois agora percebi,
depois que vi você ali,
não posso mais sentir sua falta,
pois você nunca esteve aqui.
Cada um pensa na parte que o poema toca.
Bem-sucedido é todo aquele 
que em seu caminho não tenha
se destruído e destruído pelo sucedido.
Sangue no rio,
que desce,
não se sabe onde.

é melhor que tenha vindo
 de um açougue

 A porta que abre bate um retrato.

a porta que abre bate um retrato
a porta que abre bate um
a porta que abre bate
a porta que abre
a porta que
a porta
a
a porta que fecha bate um retrato.


O não mais sentido 
é o que quer 
dizer que sim.

sábado, 6 de setembro de 2014

Casamento
é uma casa que se casa com a palavra,
com a camisa, calça, o vestido,
o colete, a bermuda, a meia, o armário embutido,
os quartos, os banheiros,
o corredor descendo, escadas subindo,
a sala, a cozinha, o telhado,
a varanda, o jardim,
as janelas que se avista
os vizinhos do lado,
a casa que se casa.
O casamento é uma casa
que se casa com a palavra,
a casa
a linha,
e o botão.
A palavra que se alinha ao coração.

A vida tem a gentileza de trocar algumas letras por palavras



t r o c a r 
l e t r a s 
p o r 
p a l a v r a s
c o m e ç a r a m
a s
g e n t i l e z a s.




V I D A
d a s 
l e t r a s 
V I V E 
d e
p a l a v r a s
t r o c a d a s
e
n a s c e m
D E
p a l a v r a s
C R U Z A D A S.



Casamento é uma palavra que se casa com a palavra.
Fui pegar água de tarde e ouvi uma voz grave dessas que tocam no peito e na barriga, era do Paulo, um senhor que podia ser cantor desses de fama. Ele cantarolava uma canção que eu não conhecia, e era essa que na hora eu não podia ouvir. Depois fui ouvir e os olhos encheram de água.
Onde a gente nasce e o dia dorme, tem nome. 
Vai que a cama vira um berço, e se retorna ao começo? 
Se acontecer, guarda da vida mais um segredo.
Desaprendido quando crescido: 
Não me lembro, quando acordo
eu sempre me esqueço.
Se o pecado fosse original, ele não se repetiria tanto.
A Rua Augusta em agosto, a Rua Augusta em setembro, sentido Centro.
Ainda ganho dinheiro com isso, eu e minha vocação pra ser cupido.
Abrir mão das coincidências
é fechar um contrato
com a ciência.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Ao perceber
que uma porta se fecharia
por aquelas coisas
que quem quiser inventar,
se quiser inventar se explica, 
foi abrir outras,
encontrou não uma,
mas duas ou três portas.
Foi isso que alguém que inventou fez,
e não se dá conta e não se importa,
ensinar quem se amedronta com o que não fez,
pela força que não sabe se tem,
mas pelas vicissitudes que se encontra,
ensinar a
a abrir portas.
uma, duas e outras.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Dorme na rede a Lua no quarto-crescente.
Ontem eu caí, mas antes de sentir dor me socorri com as mãos dos que não me conhecem, eram mais de seis que me recolhiam junto aos destroços do avião da minha mochila. Pressenti a queda, a câmera não foi tão lenta. As mãos me acompanharam na mesma calçada que me atropelou até o Corpo de Bombeiros, mas eles não tinham gelo. Meu braço sangrou tatuado pela calçada, mas o sangue pisou, não caiu quase nada. O gelo ganhei no bar da esquina, colocaram no saco para eu estacionar joelho acima. Encontrei um táxi que não aceitava cartão, mas esperou eu sacar meu dinheiro no caixa. Seu Vladimir, filho de galego como eu, me fez rir no caminho, ele que faz ponto na Sé e no Mercadão, me garantiu que lá tem frutas, peixes, legumes, pasteis e bons partidos sem coligação, melhor dizendo, solteiros. Cheguei no hospital mancando, sentei na cadeira de rodas, passei no médico, tirei as botas das meias imperfeitas, a calça não subiu até o joelho, fui tirar as chapas, me senti modelo tamanha as orientações para colocar os ossos. Não quebrei, parece que não trinquei, inflamou pois me contundi. Antiinflamatório, muito gelo, fisioterapia, e o carinho das seis mãos, mais a conversa de ouvinte do Seu Vladimir, que me fez rir para esquecer as dores do caminho que não era de Santiago, mas terminariam no bairro do Paraíso.
Na intimidade,
é de sentir saudade,
o artifício,
dos fogos do vício,
 a falta que nos faz
desde o início.
A queda num tropeço, 
o corpo doeu de remorso, 
mas diz que foi culpa do pé que não enxergou o resto.

Do joelho.
O calor que veio num descaso,
joga nos braços seu casaco.
O inverno no sudeste foi pirracento,
quis dar o ar da graça,
bem perto de setembro.