Poesia, textos e todas expressões que surgirem para partilhar, sempre depois que a Lua me tocar.
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
Das mulheres
que escreviam,
a capa abre num sorriso,
das vezes que as encontro,
caímos no tombo do livro.
Não sei se foi vida
que todas tiveram
em vida,
se foram criadas,
mas as palavras
em instantes
sorriem
por quase nada,
páginas, notas, capítulos.
Das dificuldades de se fazer ouvir,
respeitar, levar mensagem.
De trabalhar, existir,
amar,
viagem.
O livro abre num sorriso
e fecha sempre nisso.
E as palavras
choram por bobagens.
que escreviam,
a capa abre num sorriso,
das vezes que as encontro,
caímos no tombo do livro.
Não sei se foi vida
que todas tiveram
em vida,
se foram criadas,
mas as palavras
em instantes
sorriem
por quase nada,
páginas, notas, capítulos.
Das dificuldades de se fazer ouvir,
respeitar, levar mensagem.
De trabalhar, existir,
amar,
viagem.
O livro abre num sorriso
e fecha sempre nisso.
E as palavras
choram por bobagens.
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
domingo, 23 de outubro de 2016
sábado, 22 de outubro de 2016
domingo, 16 de outubro de 2016
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Eu escrevo para que alguém leia,
numa aldeia, num vilarejo, em Tejo.
Eu escrevo para que alguém sinta,
e também minta, dizendo que não leu.
Eu escrevo para quem não enxerga, pra quem não vê, mas que alguém conte, que as mãos saibam.
Eu escrevo para quem não quer ler.
Eu escrevo para quem não tem tempo.
Eu escrevo para quem quer esquecer.
Eu escrevo para quem quer escrever.
Eu escrevo para quem quer.
Eu escrevo para quem?
numa aldeia, num vilarejo, em Tejo.
Eu escrevo para que alguém sinta,
e também minta, dizendo que não leu.
Eu escrevo para quem não enxerga, pra quem não vê, mas que alguém conte, que as mãos saibam.
Eu escrevo para quem não quer ler.
Eu escrevo para quem não tem tempo.
Eu escrevo para quem quer esquecer.
Eu escrevo para quem quer escrever.
Eu escrevo para quem quer.
Eu escrevo para quem?
quarta-feira, 12 de outubro de 2016
sábado, 8 de outubro de 2016
terça-feira, 4 de outubro de 2016
O pregador
O homem pregava no último vagão, como o terno e a bíblia dava muito na pinta começou a usar disfarces. Pegava o trem depois da hora do rush, com destino a última estação. Neste horário, poucos dormiam e sendo sexta-feira, sua pregação se iniciava com: Happy hour com Jesus. Falava muito bem inglês, do tempo que foi mórmon, por ter aprendido com eles, o que possibilitava cantar louvores do subúrbio de Nova York traduzindo cada frase na sequência. Dominava as palmas e a percussão que fazia na porta do vagão e nas laterais de metal, adquirido nos templos de candomblé. Do evangelismo trazia a oratória, fazia um show, porém não raro, podiam presenciar lutas verbais e de braço de tanto chamar e gritar o nome do capeta. No dia que isto se sucedeu, estava disfarçado de enfermeiro, todo de branco, feito um pai de santo, não se sabe o que motivou o fenômeno jamais presenciado em nenhuma linha de trem, o fato é que a cada palavra e apóstolo pronunciado ia um a um caindo no chão. Não demorou muito e o vagão inteiro transformava-se num terreiro. O maquinista, que assistia tudo pelo monitor de imagem, perplexo, parou na estação seguinte. O homem de branco em estado de choque, desistia ali de suas boas intenções de levar a palavra nos vagões. Os seguranças não tiveram muita dificuldade de retirar os passageiros que ainda estavam saindo do transe catártico das palavras santas. O pregador, no meio da balbúrdia, teve uma visão na audição, pregaria a palavra na prisão, era pra lá que seria levado após provocar pela ultima vez um happy hour no trem.
O homem pregava no último vagão, como o terno e a bíblia dava muito na pinta começou a usar disfarces. Pegava o trem depois da hora do rush, com destino a última estação. Neste horário, poucos dormiam e sendo sexta-feira, sua pregação se iniciava com: Happy hour com Jesus. Falava muito bem inglês, do tempo que foi mórmon, por ter aprendido com eles, o que possibilitava cantar louvores do subúrbio de Nova York traduzindo cada frase na sequência. Dominava as palmas e a percussão que fazia na porta do vagão e nas laterais de metal, adquirido nos templos de candomblé. Do evangelismo trazia a oratória, fazia um show, porém não raro, podiam presenciar lutas verbais e de braço de tanto chamar e gritar o nome do capeta. No dia que isto se sucedeu, estava disfarçado de enfermeiro, todo de branco, feito um pai de santo, não se sabe o que motivou o fenômeno jamais presenciado em nenhuma linha de trem, o fato é que a cada palavra e apóstolo pronunciado ia um a um caindo no chão. Não demorou muito e o vagão inteiro transformava-se num terreiro. O maquinista, que assistia tudo pelo monitor de imagem, perplexo, parou na estação seguinte. O homem de branco em estado de choque, desistia ali de suas boas intenções de levar a palavra nos vagões. Os seguranças não tiveram muita dificuldade de retirar os passageiros que ainda estavam saindo do transe catártico das palavras santas. O pregador, no meio da balbúrdia, teve uma visão na audição, pregaria a palavra na prisão, era pra lá que seria levado após provocar pela ultima vez um happy hour no trem.
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
ninguém fere
sem ferir
a própria
pele.
Confere
Ferir é matar aos poucos.
Matar parece mudar o gosto
da própria água
que se toma,
é o que nos conta
quem mata
e se aprisiona
pra contar
o arrependimento
em gota.
Conta que sente o gosto da
pele na água
na baba.
Deus ressentido dele mesmo dentro.
Ferir resseca,
quase mata,
pra quê ferir,
pra quê matar?
Ainda é tempo
de guardar a água.
sem ferir
a própria
pele.
Confere
Ferir é matar aos poucos.
Matar parece mudar o gosto
da própria água
que se toma,
é o que nos conta
quem mata
e se aprisiona
pra contar
o arrependimento
em gota.
Conta que sente o gosto da
pele na água
na baba.
Deus ressentido dele mesmo dentro.
Ferir resseca,
quase mata,
pra quê ferir,
pra quê matar?
Ainda é tempo
de guardar a água.
domingo, 2 de outubro de 2016
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