O tempo era curto, não sabia quantas horas usaria aquele
corpo. Pediu um wiskie na recepção e subimos. Engoliu o comprimido azul
que lhe ofereci, sorvendo sem pressa, e sem perguntar a razão.
E começamos a retirar as peças, que iam se esfacelando pela farra
dos atritos, ora sincopada, e depois sem ritmo, se esvaindo num
aperto desesperado de súplica. E aquela alma dos olhos dormidos, me fez a
pergunta:
-É assim que a gente termina? E puxando o ar rasgado, em sufoco,
me espera, até eu mudar o enredo.
-É meu caro. Hoje, o infinito é enquanto for duro.
E o poeta se despede, morrendo no meio das minhas pernas, pela
segunda vez na vida.
Maira Garcia
Que texto ótimo. Conciso, rico em imagens, com pequenos saltos narrativos.
ResponderExcluirSe consegui te passar essa sensação, fico muito feliz! Obrigado, Eduardo!
ResponderExcluirMaira: uma bela e bem urdida vingança.
ResponderExcluirMas o Vinivius merecia este 2º fim.
Gostei muito. Nazareth
Nazareth, que visita boa!! Você que também esteve na oficina que originou este conto! Uma doce vingança, ou a alternativa de matar o personagem que a gente admira tanto! Culpa do João Carrascoza, de ter proposto este exercício tão cruel pra gente. Bjs
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