segunda-feira, 5 de julho de 2021

O rapaz, me olhou como se me conhecesse. Entrou no vagão, sentou e disfarçadamente abriu a sanfona e toca o tema da Amélie Poulain. Solitário como a cidade. Agora sei que era aquele olhar de criança que vai aprontar uma música. De repente a sanfona gagueja, parece que inventa canção. Não quer moeda. Quer colocar a música que falta e volta para o tema de Amélie. Entra um garoto pedinte. É uma criança. O garoto sai, o olhar de fuga, de quem está no palco e finge enxergar todo mundo. As moedas nem aparecem, a música fica, o sorriso não sai. Ao deixar o vagão vejo o sanfoneiro me espreitando, começa o show. Desconfiava que escrevia sobre ele. Acertou.


postado em 5 de julho de 2019, no meu facebook

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