quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Sempre aos domingos

Estavam na pandemia. Aos domingos, se falavam pelo whatsapp e combinavam perto do meio dia o papo das seis. Um domingo, ao chamar o amigo ao meio dia, percebeu último acesso às 11h. De uma em uma hora, monitorava o celular para ver se havia resposta. Perto das 18h, começou a se preocupar, se deu conta que o amigo, que morava sozinho no apartamento, não lhe passara o contato de algum vizinho ou parente. Seguiu a noite com os olhos soltos, se pensava caiam lágrimas, mas se segurava na esperança de ter notícia. Entrou na madrugada em oração, lembrou da última vez que tinham se visto, antes de fechar a cidade de novo, de como ele estava com os braços torneados, a roupa esportiva que vestia, a graça de aparecer com o óculos escuros e máscara, fazendo dele irreconhecível. Riu um pouco e depois chorou de saudade. Enviou um e-mail que pedia contato assim que possível. Dormiu às 4h. Quando ela acordou tinha mensagem deixada às 6h. "Fui no forró."

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