Tem um pedaço de sítio perto de casa,

o final do terreno que formou

a Vila onde moro.

Vila de um italiano

que passou pela guerra,

(eu quase comprei sua bicicleta,

branca de rodas brancas,

relíquia dos anos 50, por uma pechincha,

na minha pré-adolescência dos anos 80.

Mas ele desistiu do meu combinado

com seu neto, e as rodas voltaram para o porão.

Com a bicicleta minha primeira lição de socialismo.)

No restante do sítio tem ipês

coloridos, maritacas tagarelas,

saruês visitantes do bairro,

gatos que se refugiam

das próprias casas.

Hoje estavam limpando o terreno,

fiquei atenta com os bichos e as árvores

que permanecem intocadas

desde o tempo

que eu não tinha juízo perfeito,

hoje não teria coragem,

risquei com a faca o tronco de uma delas

com o meu nome e de outro tonto como eu.

4 de junho de 2021